paradoxos da moda

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[Foto: Rogério Cavalcanti]

É antológica a edição do caderno Mais! da Folha de São Paulo, intitulada “Totalitarismo fashion” e publicada em 31 de agosto, com o seguinte conteúdo:

 *Entrevista com o filósofo Lars Svendsen, autor de “Fashion – A Phylosophy”, feita por Alcino Leite Neto

*Texto da jornalista americana Virginia Postrel fala sobre o luxo e suas relações com grupos étnicos e classes sociais

*Entrevista com o escritor francês Daniel Roche sobre a história das coisas banais e sua capacidade de expressar os sonhos, limites e impasses de uma época, feita por Denise Bernuzzi de Sant’Anna –professora da PUC-SP e do Senac.

Leia, a seguir, alguns trechos selecionados por mim:

SVENDSEN – O princípio da moda é criar uma velocidade constantemente crescente, para fazer um objeto tornar-se supérfluo o mais rapidamente possível, para então passar para outro. A consciência do poder da moda é a consciência de que os produtos não vão durar; e, se vamos escolher um produto que inevitavelmente ficará ultrapassado, vamos tender a escolher a última moda, e não uma moda anterior. Os produtos não duram, nem se pretende que o façam. Essa é uma parte importante da atração exercida pelo produto pós-moderno: daqui a pouco poderá ser substituído!

SVENDSEN – As modelos são a mais alta encarnação de uma cultura em que nossas identidades essenciais devem estar situadas em nossos corpos, não em nossas almas. A formação da auto-identidade na era pós-moderna é, num sentido crucial, um projeto do corpo. O corpo tornou-se um objeto de moda especialmente privilegiado. Aparece como algo plástico, que se modifica constantemente para adequar-se às novas normas que surgem. E as modelos são as representantes maiores dessas normas.

POSTREL – O luxo visível serve, assim, menos para estabelecer o status positivo do proprietário como pessoa próspera do que para refutar a percepção negativa de que ele é pobre. Quanto mais rica uma sociedade ou um grupo social, menos importantes se tornam os gastos visíveis.

ROCHE – …conforme lembrou [o filósofo Blaise] Pascal, as pessoas são aquilo que aparentam ser e, no entanto, “a roupa não faz o monge”. É sempre possível esconder alguns traços da personalidade ou modificá-los por meio da vestimenta.  

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O caderno Mais! noticia, também, que uma escultura feita com 50 quilos de ouro com a feição de Kate Moss fará parte da exposição “Statuephilia”,  a ser inaugurada em 4 de outubro, no Museu Britânico.

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Aproveitando as reflexões sobre o caráter efêmero da moda e a ditadura do corpo, vale conferir o editorial de moda da revista online Paradoxo, que exibe cenas dos bastidores do último Fashion Rio –feitas pelos fotógrafos André Batista e Thiago Chediak– como a que você vê acima.