no pulso da urbe

Quinta-feira é dia da coluna “Tesouros sem Frescura” da Liliane Oraggio. E hoje ela fala sobre o novíssimo livro do artista plástico Jaime Prades. Conta tudo, Lili!

No Pulso da Urbe
Como um moleque, elétrico, todas as moléculas de Jaime Prades se organizam para interlocutar com a alma da cidade. E não é metáfora: usando vários suportes Jaime invade os espaços urbanos com intervenções arqueológicamente pós-modernas. Mesmo quem passa sem ver de fato, é capturado pelo arcaico futurista de suas figuras. Num átimo, as inscrições em paredes ou adesivos jogam os passantes do passado, para o futuro sem excluir o momento do passo, tudo muito delicado.
Em 252 páginas, A Arte de Jaime Prades (ed. Olhares) organiza os últimos trinta anos da intensa produção de Prades, espanhol radicado no Brasil. Integrante do grupo Tupinãodá, ele desvirginou os túneis da Paulista na década de 80, num exercício de clandestinidade cidadã com alta qualidade ética e estética. Hoje, ele coloca conhecimento e sensibilidade a serviço de uma rede de conexão imediata e permanente com a vida nos espaços coletivos.
Aqui, uma pequena entrevista com o Jaimito, jóia antiga do meu Tesouro e com teor zero de Frescura.
Liliane Oraggio – Seu ateliê é a rua?
Jaime Prades – A rua vai contaminando o ateliê, o ateliê vai contaminando a rua, e eu vou encontrando soluções em um espaço que trago para o outro. Eu vejo como uma espécie de respiração, um processo mútuo de inspirações.
L.O.-  De onde vem sua inspiração?
J.P. – Não sei! Só sei que vem. A palavra inspiração é em si vital. Ela indica o movimento da entrada do que está fora. Ao contrário da expiração que traz o que está dentro para fora. As imagens do que vemos no mundo, fora de nós, repercutem simbolicamente nas profundezas da mente, repleta de símbolos. Por sua vez, essa memória ancestral e coletiva de significados se manifesta no mundo e se materializa, por meio das artes, na realidade. Como artista, o que sinto é que sou um mensageiro que traz das profundezas da memória coletiva signos e símbolos para a realidade. Quando o artista povoa a realidade com símbolos, eles tornam-se realidade, e novamente repercutem internamente, carregados de sentido. Nessa respiração permanente, percebo mais a expiração do que inspiração.
L.O. – Qual é a graça da intervenção artística na cidade?
J.P. Fazer arte nas ruas é um esporte radical cheio de adrenalina. Também é um exercício de cidadania e de humanização do nosso espaço comum. As ruas são o retrato do que somos coletivamente. Elas mostram nosso estágio como comunidade. É o “consciente coletivo” exposto, é a caverna a luz do dia. O “Homo urbanus” nas suas mega cidades repletas de inscrições. No lugar de bisontes, extraterrestres.

No Pulso da Urbe

Como um moleque, elétrico, todas as moléculas de Jaime Prades se organizam para interlocutar com a alma da cidade. E não é metáfora: usando vários suportes Jaime invade os espaços urbanos com intervenções arqueológicamente pós-modernas. Mesmo quem passa sem ver de fato, é capturado pelo arcaico futurista de suas figuras. Num átimo, as inscrições em paredes ou adesivos jogam os passantes do passado, para o futuro sem excluir o momento do passo, tudo muito delicado.

Em 252 páginas, “A Arte de Jaime Prades” (ed. Olhares) organiza os últimos trinta anos da intensa produção de Prades, espanhol radicado no Brasil. Integrante do grupo Tupinãodá, ele desvirginou os túneis da Paulista na década de 80, num exercício de clandestinidade cidadã com alta qualidade ética e estética. Hoje, ele coloca conhecimento e sensibilidade a serviço de uma rede de conexão imediata e permanente com a vida nos espaços coletivos.

Aqui, uma pequena entrevista com o Jaimito, jóia antiga do meu Tesouro e com teor zero de Frescura.

Liliane Oraggio – Seu ateliê é a rua?
Jaime Prades – A rua vai contaminando o ateliê, o ateliê vai contaminando a rua, e eu vou encontrando soluções em um espaço que trago para o outro. Eu vejo como uma espécie de respiração, um processo mútuo de inspirações.

L.O.-  De onde vem sua inspiração?
J.P. – Não sei! Só sei que vem. A palavra inspiração é em si vital. Ela indica o movimento da entrada do que está fora. Ao contrário da expiração que traz o que está dentro para fora. As imagens do que vemos no mundo, fora de nós, repercutem simbolicamente nas profundezas da mente, repleta de símbolos. Por sua vez, essa memória ancestral e coletiva de significados se manifesta no mundo e se materializa, por meio das artes, na realidade. Como artista, o que sinto é que sou um mensageiro que traz das profundezas da memória coletiva signos e símbolos para a realidade. Quando o artista povoa a realidade com símbolos, eles tornam-se realidade, e novamente repercutem internamente, carregados de sentido. Nessa respiração permanente, percebo mais a expiração do que inspiração.

L.O. – Qual é a graça da intervenção artística na cidade?
J.P. Fazer arte nas ruas é um esporte radical cheio de adrenalina. Também é um exercício de cidadania e de humanização do nosso espaço comum. As ruas são o retrato do que somos coletivamente. Elas mostram nosso estágio como comunidade. É o “consciente coletivo” exposto, é a caverna a luz do dia. O “Homo urbanus” nas suas mega cidades repletas de inscrições. No lugar de bisontes, extraterrestres.

Em paz com a natureza urbana

Uma das experiências mais marcantes de 2009 foi participar junto com Jaime Prades e Afonso (o jardineiro) e muitos outros vizinhos, da transformação de um pequeno terreno baldio em uma pracinha. Prades já tinha demarcado o território com seus grafites e com a instalação Árvore das Perguntas, que teve suporte em um resistente chapéu-de-sol, plantado ali há onze anos.

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Pusemos a mão na massa durante meses, cavando o concreto e a terra, removendo entulho plantando e caprichando nesse espaço comum. Em mim, essa ação teve o efeito de uma reconciliação com a cidade e com o bairro. Quem ama cuida e quem cuida passa a amar. Simples assim. Esses beija-flores nasceram ali, em plena Apinajés, pura natureza urbana.

Para saber mais veja reportagem completa e álbum de fotos no site Planeta Sustentável.

Por: Liliane Oraggio

Portfólio #6 Popó

popo-muralED

A ideia deste portifólio surgiu durante o último Senac Moda Informação, evento de moda do qual tive o prazer de participar, no início do mês, e até já rendeu dois posts, aqui e ali.

No dia do evento, a área destinada às palestras de street style tinha recebido um tratamento especial: as paredes foram grafitadas e vários pares de tênis customizados estavam pendurados pelo espaço. Como adoro grafite, fui procurar saber quem tinha feito aquele mural, e logo me apresentaram o Vinicius, mais conhecido como Popó. Engatamos num ótimo papo sobre street art, customização, arte barroca, e etc… Confira logo abaixo!

Clique nas imagens da galeria para ampliá-las

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O grafiteiro de 28 anos, que aparenta bem menos, me contou que começou a fazer arte na rua com cartaz lambe-lambe. “Pegava os papéis das bancas de jornal, desenhava e grudava com cola de farinha, que era mais em conta.”

Isso acontecia em Guarulhos, lugar onde nasceu. “Eu ia pra rua com um amigo, o Jimmy (JDUBS), e como meus desenhos estavam ficando cada vez maiores e havia a dificuldade de colar (porque eu sempre queria colar no alto para se ver melhor), o Jimmy sugeriu, meio irritado: ‘porra, porque você não pinta na parede, logo?’ Desde então fui aprendendo a mexer com o spray.”

Quais foram suas primeiras referências?
“Veio tudo de Guarulhos, dos amigos que já grafitavam há  um bom tempo, coisa de 1995 pra cá. A Crew PINEL, CO2, Cubano, Merpol. Depois que mudei pra São Paulo vi uns lambe-lambes do ONESTO e do CIRO, em 2001. Fui pra rua colar meus primeiros desenhos com o Alemão (EUCONTRAEU) e um amigo de Buenos Aires, o Santiago. Nessa época desenhávamos à noite, saíamos pra colar só voltávamos quando o dia começava a clarear.”

Acha que já definiu seu próprio estilo ou ele ainda está se desenvolvendo?
“Tenho várias ideias e conheço diversas técnicas, mas ainda preciso aprimorar muito mais o meu estilo. Tenho alguns desenhos, na rua e em quadros, que ficam mais marcados, como o “P” do Popó que é um grapixo e os meus quadros com referências de santas estilizadas. É que trabalho com restauração de obras de arte, e as santas barrocas me influenciaram”.

Qual seu maior desejo, profissionalmente?
“Não sou formado em nada, já tive todo tipo de trabalho, desde fazer filmagem de parto até vender marmitas vegetarianas na Galeria do Rock. Já pastei muito nesta vida, mas tudo isso me deu bagagem para ser o que sou hoje. Hoje em dia trabalho com restauração de obras de arte e esse é o meu ganha-pão. Gosto do que faço mas preferiaria produzir e restaurar a minha própria arte.”

Uma parte dessa arte pode ser conferida no blog de Popó na MTV, o UPGRADE. Lá, ele mostra a expertise em trabalhos de customização e ainda dá dicas preciosas para quem quiser se aventurar a enfiar o pé na tinta. Eu achei bem legal o vídeo deste post, em que ele mostra a customização de um tênis com desenho de cupcake, para uma garota. Vale a pena ver!

OBS> A seção Portfólio é um espaço aberto para a divulgação de novos talentos e/ou trabalhos inéditos de autores já consagrados. Se você se encaixa numa dessas categorias, ou gostaria de indicar alguém, envie um email para modasemfrescura@gmail.com

no tom certo

 eltono-telhado.jpg

 Uns inauguram, uns encerram. Explico melhor:

Neste final de semana tem mais programação para quem gosta de arte, além da abertura da expo Sublime!? na galeria Emma Thomas (veja 2 posts abaixo). É que neste sábado, dia 9, rola festinha de encerramento da exposição do artista Eltono na Galeria POP/ROJO.

E para quem não conhece o cara, este texto da galeria Adesivo, de Porto Alegre –onde ele também vai expor, no final do mês–, dá uma boa noção:

“Esse parisiense radicado em Madrid é um dos principais nomes da street art mundial, por pioneirismo, abrangência e qualidade de trabalho, além de ser um dos raros artistas que consegue conciliar e integrar suas intervenções urbanas com exposições em espaços de arte Eltono, pseudônimo que utiliza desde que passou a viver na Espanha, vem de “el tono” (o tom). Como no graffiti “tradicional”, onde a assinatura do grafiteiro é a própria obra, o artista resolveu se destacar no meio do mar de nomes utilizando um ícone, o diapasão, aquele objeto de metal que vibra, uma espécie de garfo com dois dentes utilizado pelos músicos para “dar o tom” e afinar seus instrumentos. Mas a forma original do diapasão é só um ponto de partida para Eltono que, com uma técnica própria, distorce e reinventa a forma, criando labirintos geométricos cheios de sutilezas e detalhes, resultando em conjuntos visualmente instigantes que adornam e se misturam com superfícies urbanas cuidadosamente escolhidas.”

A foto acima, exibida no blog do artista, é de um graffiti feito aqui no Brasil, em Porto Alegre, entre um toró e outro. (Eta tempinho chato desse nosso verão, heim!)

Vale a pena, aliás, dar uma olhada no blog: tem coisas bem legais como os vídeos que mostram instalações/esculturas e até obras sonoras que interagem com o público. Neste aqui, as esculturas fizeram sucesso com as crianças e até com um cachorro!!!

A galeria e livraria POP fica na rua Virgílio de Carvalho Pinto, 297, Pinheiros. E a festa de encerramento começas às 17 horas.