O sapatinho encantado de Anna Dello Russo

Anna dello Russo, a diretora de moda da Vogue Japão que anda causando no mundinho fashion por conta dos looks “absurdetes” com que se veste — a ponto de aparecer na capa da revista 10 e de participar do desfile da Lanvin para H&M– vai lançar seu primeiro perfume em dezembro. O mimo se chama Beyond e vem num frasco em forma de sapatinho dourado, feito com o mesmo vidro frágil dos enfeites de Natal. Ela explica por que:

I insisted that my entire PERFUME project be the stuff made of DREAMS…
EVANESCENT, GLASSY, FRAGILE.
For any DREAM to come true,
it must be guarded safely, treated with DELICACY,
handled with CARE.

A venda será feita a partir do dia 3 de dezembro, exclusivamente através do site Yoox. E o vídeo de divulgação do perfume já está no ar. Nele, a diretora-de-moda-tornada-celebridade aparece rodopiando em seu luxuoso apartamento, como uma espécie de Cinderela fashionista, usando vestidos Emilio Pucci e Roberto Cavalli, adereços de cabeça de Alan Journo, gargantilha e bracelete da Swarovski.

Quanto ao aroma do perfume… nada foi divulgado e parece que isso não interessa muito, afinal. Confira o vídeo a seguir e deixe sua opinião nos comentários.

Anúncio com foto do perfume lançado por Anna dello Russo em forma de sapatinho dourado

no tom certo

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 Uns inauguram, uns encerram. Explico melhor:

Neste final de semana tem mais programação para quem gosta de arte, além da abertura da expo Sublime!? na galeria Emma Thomas (veja 2 posts abaixo). É que neste sábado, dia 9, rola festinha de encerramento da exposição do artista Eltono na Galeria POP/ROJO.

E para quem não conhece o cara, este texto da galeria Adesivo, de Porto Alegre –onde ele também vai expor, no final do mês–, dá uma boa noção:

“Esse parisiense radicado em Madrid é um dos principais nomes da street art mundial, por pioneirismo, abrangência e qualidade de trabalho, além de ser um dos raros artistas que consegue conciliar e integrar suas intervenções urbanas com exposições em espaços de arte Eltono, pseudônimo que utiliza desde que passou a viver na Espanha, vem de “el tono” (o tom). Como no graffiti “tradicional”, onde a assinatura do grafiteiro é a própria obra, o artista resolveu se destacar no meio do mar de nomes utilizando um ícone, o diapasão, aquele objeto de metal que vibra, uma espécie de garfo com dois dentes utilizado pelos músicos para “dar o tom” e afinar seus instrumentos. Mas a forma original do diapasão é só um ponto de partida para Eltono que, com uma técnica própria, distorce e reinventa a forma, criando labirintos geométricos cheios de sutilezas e detalhes, resultando em conjuntos visualmente instigantes que adornam e se misturam com superfícies urbanas cuidadosamente escolhidas.”

A foto acima, exibida no blog do artista, é de um graffiti feito aqui no Brasil, em Porto Alegre, entre um toró e outro. (Eta tempinho chato desse nosso verão, heim!)

Vale a pena, aliás, dar uma olhada no blog: tem coisas bem legais como os vídeos que mostram instalações/esculturas e até obras sonoras que interagem com o público. Neste aqui, as esculturas fizeram sucesso com as crianças e até com um cachorro!!!

A galeria e livraria POP fica na rua Virgílio de Carvalho Pinto, 297, Pinheiros. E a festa de encerramento começas às 17 horas.

bíblia da moda

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A nova edição da Pop já está nas bancas, com Sienna Miller irreconhecível na capa, graças ao make-up gráfico de Peter Philips.

E a revista está cheia de coisas interessantes, como o editorial de moda “Alice in India”, fotografado por Alice Hawkins, com edição de moda de Sam Willoughby.

A idéia da matéria (retratar a moda com pessoas comuns, numa locação exótica) não é nova, muitas publicações já fizeram isso. O que chama a atenção, aqui, é a qualidade da realização.

As roupas parecem se integrar aos personagens com perfeição, a ambientação é cuidadosa, e os retratos –quase todos em formato horizontal– revelam as sutilezas, a alma e a intimidade daquele mundo particular.

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Em tempo: Alice Hawkins participou de alguns projetos do SHOWstudio de Nick Knight, que você pode conferir aqui.

Mas nem tudo é imagem. A Pop tem entrevistas com dois dos estilistas mais celebrados do fashion sistem: Miuccia Prada e Marc Jacobs.

A nova geração também não fica de fora: é representada por uma matéria sobre JJ Hudson, o estilista da marca Noki, que desfila em Londres.

Os leitores mais atentos do blog vão se lembrar que o nome Noki já foi citado aqui, num post sobre a palestra de Lulu Kennedy, durante o Pense Moda. (Para quem não acompanhou o Pense Moda: Lulu Kennedy é a criadora do  Fashion East, evento lançador de talentos que acontece em Londres, paralelamente à London Fashion Week) 

Abaixo: retrato do estilista conhecido como Noki, a modelo Liya Kebede com look da marca (fotos de Alasdair McLellan/Pop), e desfile da Noki no último Fashion East (foto Marcio Madeira)

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PINÇA CULTURAL

 Graças ao feriadão, finalmente consegui colocar em dia a leitura das minhas revistas nacionais favoritas: a Rolling Stone e a Piauí. Deixo aqui algumas sugestões de matérias que se destacaram, para o bem e para o mal, na minha humilde (porém firme) opinião:

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  Na Rolling Stone

*Até a presente edição, não tinha botado reparo na seção Vida Pop, escrita por Miguel Sokol. Adorei o tom mal-humorado do texto, muito bem escrito, sobre as popices do momento: o fenômeno Capitão Nascimento, o lançamento do disco do Radiohead (“Era o que faltava: ter que examinar minha consciência para comprar um disco.”), e o vídeo de sexo da Meg White (“Tá bronzeada demais para se ela. Volta. Mas é a cara dela! Volta. Mas não tem ritmo nenhum! Ritmo Nenhum? Então só pode ser a Meg White mesmo.”)

*Quem se preocupa com o aquecimento global e o destino do nosso sofrido planetinha, precisa ler a matéria “O Profeta”, de Jeff Goodell, em que o polêmico cientista James Lovelock dispara teorias alarmantes sobre o que nos espera. 

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Acima, James Lovelock em foto do acervo pessoal/R&S

 “Nosso futuro”, Lovelock escreveu, “é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane”. E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre.

*Para fincar os dois pés no chão e cair ainda mais na real, é bom ler a matéria “Vida Severina” de André Pessoa, sobre a realidade de Guaribas, cidade-símbolo do Fome Zero.

*Sobre a reportagem de capa sobre o Police: não vou ver o show e já estou com preguiça da superexposição midiática a que vamos ser bombardeados por causa da reunião do trio de roqueiros cinquentões, mas mesmo assim, li a matéria e recomendo.

*Quem viu o filme “Quase Famosos”, de Cameron Crowe, vai gostar de ler a lendária entrevista feita pelo garoto de 17 anos com uma das maiores bandas dos anos 70.

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*Já a matéria “Rainha do Veneno”, escrita por  Erik Hedegaard é de uma superficialidade apenas superada pela do próprio protagonista: o gorducho mais peçonhento da internet, que atende pelo codinome de Perez Hilton e publica o blog homônimo, recheado de fofocas e piadas sobre celebridades. Veja a figura na foto acima, de Peter Yang.

A matéria nos informa que ele foi uma criança obesa e preguiçosa que passava a maior parte do dia na cama, assistindo TV. No tempo restante era zoado pelos colegas por ser balofo e afeminado. Que ele tenha conseguido transformar sua frustração de outsider num blog de sucesso, que contabiliza 7 milhões de acessos e fatura algo em torno de 250 mil dólares, me parece mais um sintoma da nossa sociedade imagética doente, do que um antídoto. 

Dá para perceber que o culto à celebridade não é um assunto que me interessa muito, a não ser pelo viés crítico. Mas como tem muita gente que adora, cito algumas referências nacionais do gênero, como o Papel Pop editado por Phelipe Cruz, o Garotas Estúpidas e o Te Dou um Dado. Tinha também o Papel Pobre –uma paródia do blog de Phelipe Cruz, só que mais debochado– que fez muito sucesso em 2007 e era assinado por duas pessoas sob o codinome Katylene Beezmarky. O Papel Pobre chegou a contabilizar centenas de comentários em um único post, foi notícia em vários sites, mas foi deletado quando uma blogueira revelou a identidade de um dos seus criadores.

Enquanto isso…na revista Piauí

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*Se for para falar/fofocar sobre gente famosa, sugiro a leitura de “Leve, Alegre e Triste”, matéria de John Lahr  publicada na revista Piauí, contendo a segunda parte do diário do crítico inglês Kenneth Tynan (a primeira metade saiu na Piauí de outubro e também está disponível no site). Mesmo sem ter nenhum conhecimento prévio sobre o autor, achei o texto delicioso: ele revela não só a personalidade fascinante de Tynan, como as histórias bizarras e picantes de algumas das maiores celebridades de Hollywood do século 20, como Elizabeth Taylor, Richard Burton, Marlon Brandon, Gore Vidal e Noel Coward, entre outros.

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Acima, Kenneth Lynan (travestido de mulher,) e a esposa Kathleen

*A arquitetura carioca recebe homenagem de Danuza Leão e Fernando Serapião, na matéria “Morar à beira-mar”. Lindas aquarelas e relatos curiosos traçam o perfil da cidade.

* “Foco Distanciado”, de Dorrit Harazim, me fez ter vontade de conhecer a obra incômoda da cineasta e documentarista Maria Augusta Ramos, autora de “Justiça” de 2004 e de “Em Juízo” que deve estrear em março de 2008.

*Paro por aqui: como sempre, sobrou revista e faltou feriado. Quem sabe eu consiga terminar a Piauí no final de semana…Mas ainda quero ler a revista Dobras, há dias que não toco na “Trilogia de Nova York” do Auster, e pensei em começar um livro do Jonathan Safran Foer…

*E você? Quer dar umas dicas dica do que anda lendo? Deixe aí nos comentários!

conexão brasil-japão

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Vale a pena fazer uma visita à Livraria e Galeria Pop para ver a exposição de duas ilustradoras: a japonesa Aya Kato e a brasileira Elisa Sassi (imagens acima, respectivamente), inaugurada há alguns dias. A iniciativa faz parte recente parceria firmada entre a Pop e a revista espanhola Rojo, uma “bíblia” independente focada em arte e criatividade.

O trabalho das duas artistas, tão distantes geograficamente, dialoga tendo em comum referências orientais que vão do estilo ingênuo e alegre de Sassi –conhecido como kawaii–, até a aura poética e melancólica dos desenhos de Kato, com influência da arte tradicional japonesa.

Além da exposição, que é imperdível, vale a pena acessar os sites e blogs das moças.

De Aya Kato: Cheval Noir, contém as imagens deslumbrantes do seu portofólio. E no blog Art Diary of Amy Sol, dá para espiar o atelier e ter uma visão mais íntima e pessoal.

De Elisa Sassi: imagens repletas de fofura no site e no fotolog

Curiosidade: a carreira de Aya Kato  começou a decolar em 2005, depois que ela criou as imagens para o vídeo “Sleeps with Butterflies” de Tori Amos. Confira.

A Livraria e Galeria Pop fica na rua Virgílio de Carvalho Pinto, 297, tel. (11) 3081-7865, SP. E a exposição fica em cartaz até dia 27 de outubro. Horário: de segunda a sexta, das 13 às 20hs. Sábados das 11 às 18hs. Vai lá!