Gravatas novas, como antigamente

Gravata da New Gents

Acaba de estrear a New Gents, uma loja online especializada em gravatas com ar retrô, destinadas a cavalheiros atuais. Ou como diz o slogan da marca, “velhos valores embalados por novas atitudes”. Modelo borboleta, longa e estreita, de linho ou xadrez. Escolha a sua e celebre a era da gentileza.

Se rolar uma insegurança na hora de dar o nó, é só seguir o passo-a-passo deste vídeo, que ensina o nó simples, também conhecido como 4 in hand.

Outras dicas de como usar gravata

  • A ponta da gravata deve tocar a cintura da calça
  • O nó da gravata deve ter uma covinha no meio. Bordas viradas para frente demonstram desleixo.
  • Quando feito, o nó deve cobrir o colarinho
  • O tamanho ideal do colarinho é aquele que permite que você enfie o dedo indicador e o médio com facilidade, entre o colarinho e o pescoço.
  • E lembre-se, homens com rostos arredondados devem usar colarinhos pontudos. Quem tem o rosto comprido fica bem com colarinho aberto. Já o cara com pescoço longo deve escolher um colarinho alto.

 

Bill Cunninghan e a moda masculina

Coluna de Bill Cunninghan publicada no NY Times.

O fotógrafo Bill Cunninghan vem registrando a moda nas ruas de Manhantan, diariamente, há décadas, para publicações importantes como os jornais New York Times e Women`s Wear Daily e a revista Times.

Em seu gigantesco registro da moda cotidiana, o fotógrafo inclui ricaços poderosos, esquisitões de todo tipo, e gente comum que ele julga interessante. “Todos nós nos vestimos para Bill”, diz Anna Wintour, diretora da Vogue America, no documentário Bill Cunninghan New York, dirigido por Richard Press e lançado em 2011.

Antes disso, inclusive, sua importância já havia sido reconhecida na França: ele recebeu o título de Officier de l’ordre des Arts e de Lettres do Ministério da Cultura, em 2008.

Na coluna do NYT de 10 de junho, Bill diz que hoje “sem sombra de dúvida o centro das atenções, em termos de vestuário, é a moda masculina”. E relaciona isso ao amadurecimento de uma geração liberada que aceitou o casamento gay e aderiu ao lado lúdico da moda, que é normalmente associado às mulheres. Ele afirma ainda que apesar desse movimento ter um número restrito de adeptos, em 10 anos deverá estar disseminado.

Concordo plenamente. Há tempos sinto que a moda feminina exibe um cansaço que parece vir da repetição dos próprios clichês. Já a masculina, exala energia e renovação, quebrando barreiras e causando desconforto, como é de praxe. Polêmicas à parte, achei o vestido de renda que Marc Jacobs usou no baile do MET muito feio, mas em termos culturais, o acontecimento tem lá sua importância.

Viva a diferença!

 

 

Muito justo para o futuro?

Por 150 anos, o terno foi o traje do homem de negócios que se preza. Mas, e na era dos ambientes de trabalho criativos e do home office, há futuro para o bom e velho costume?

Este foi o ponto de partida para a matéria que escrevi para a Época Negócios deste mês (março de 2011), a convite do diretor da revista, Nelson Blecher. Confira a seguir!

Símbolo de poder, força, sobriedade, elegância e virilidade, o terno é capaz de inspirar confiança e definir o lugar em que o homem se encaixa na sociedade. Padres, médicos, juízes e outras autoridades têm usado vestimentas escuras e camisas brancas para inspirar lisura e impor respeito há pelo menos 150 anos. Durante muito tempo, pouca coisa mudou na estrutura da roupa de trabalho masculina, composta por paletó, colete e calça, feitos do mesmo tecido. Aliás, é bom lembrar que a palavra “terno” refere-se a este trio; quando não há colete, a palavra correta é costume. Desde a revolução industrial, nos séculos 18 e 19, até os anos 80, no apogeu da cultura yuppie, era impensável que empresários importantes recebessem clientes em mangas de camisa.

Não há dúvida de que a mudança da cultura corporativa que vem acontecendo nas últimas três décadas – que tem como tônica valorizar a inovação e a informalidade em oposição à tradição e ao formalismo – abriu espaço para um novo código de vestuário. A uniformidade dos ternos sóbrios tem perdido espaço para visuais mais lúdicos e criativos. Em certa medida, pode-se dizer que essa possibilidade de personalização por meio do vestuário sinaliza o triunfo do indivíduo sobre a corporação. Isso vai ao encontro das vivências da Geração Y, que… (Quer continuar lendo? Compre a revista na banca mais próxima ou acesse o site da revista ).

CONTEÚDO EXTRA – EXCLUSIVO

Leia, abaixo, a entrevista com Paolo Ferrarini, consultor sênior que trabalha com estéticas emergentes e comportamentos digitais, e conduz projetos de pesquisas em áreas como moda, tecnologia, comunicação e varejo, no Future Concept Lab, em Milão, na Itália.

Como a chegada das novas gerações ao poder irá influenciar o traje corporativo? Haverá espaço para mudanças radicais nos próximos 10 ou 15 anos? A formalidade será abrandada, ou mesmo substituída por outros valores?

Paolo Ferrarini: Não haverão mudanças radicais, mas sim um trabalho cada vez mais intenso nos detalhes de confecção e suas particularidades de estilos. Um bom exemplo, que já podemos ver hoje, está no estilo presente em revistas cult para os globetrotters, como a Monocle. Não estamos diante de códigos uniformes e internacionais, mas altamente pessoais, que tendem a uma roupa única, personalizada!

Pode-se dizer que alguns itens, como a gravata e a camisa social, estão com os dias contados?

PF: Absolutamente não. Estas serão as maiores áreas de experimentação e busca de personalização.

A ascensão das mulheres aos altos cargos corporativos levou-as a copiar o traje masculino, adotando ternos e tailleurs como vestimenta no trabalho. Existirá espaço, no futuro, para uma feminização dos trajes? Ou a feminilidade ainda tende a ser vista como antagônica ao profissionalismo?

PF: A fusão dos gêneros ainda não aconteceu totalmente e não acontecerá no futuro próximo: o cuidado e a atenção que dispensamos ao nosso corpo é semelhante para o homem e a mulher, mas está levando a acentuar as nossas singularidades. O mesmo acontecerá nas roupas de trabalho: as diferenças de gênero serão elementos de distinção e irão sublinhar os respectivos pontos de força. Estamos agora muito distantes da working girl dos anos 80, que procurava imitar o homem para reinvidicar o seu papel social. Mas ainda estamos distantes do metrosexual, de um homem que quer a todo custo mostrar-se doce e sensível.

Tem pra Homem

O site da revista Criativa –que já é uma delícia de acessar, sempre recheado de conteúdos descolados e interessantes– acaba de ganhar mais um atrativo: o blog Tem pra Homem, feito por João Zambom e Vinícius Cardoso.

Tem sugestões de acessórios masculinos, novas grifes como a A. Sauvage, a coleção de Martin Margiela fotografada em street style e mais um monte de coisas bacanas para os rapazes. Vai lá!

Coleção de inverno 2009 do estilista Martin Margiela

além do básico

Jean Paul Gaultier incluiu em sua coleção de primaver-verão 2010, desfilada em julho, em Paris, alguns clássicos da Levi’s. A calça 501 e a jaqueta Trucker foram reconstruídas pelo estilista com total liberdade, ganharam listras estilo navy e as amarrações bondage, sempre em denim rígido.

A assessoria da Levi’s afirma que alguns exemplares estarão à venda em novembro, no Brasil. Sem dúvida, é uma boa notícia para uma tradicional fabricante de jeans que vem perdendo espaço, no segmento fashion, para marcas como Diesel, Seven e cia. ilimitada.

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Fotos: Divulgação

Homem colorido

 O SPFW passou e eu acabei não fazendo um post sobre moda masculina. Para remediar o caso –que não foi de esquecimento, mas de pura falta de tempo– decidi pedir a opinião de alguns rapazes sobre o assunto.

Aqui, o jornalista Luiz Pattoli, que trabalha com comunicação empresarial e também é DJ e blogueiro, comenta o desfile da marca carioca Reserva. 

“Uma das coisas que eu mais reclamo na moda na masculina é a utilização de cores vivas, alegres. Não falo de moda jovem ou street-wear, essas têm cores, me refiro a roupa social ou ‘roupa de trabalho’. Apesar de gostar de roupas largas e de uma moda mais casual, no trabalho preciso estar um pouco mais arrumado. Não preciso usar terno e gravata, mas não dá para usar roupas estampadas ou muito coloridas.”
 
“Diante desse panorama, foi uma grata surpresa ver o desfile da Reserva no último dia do São Paulo Fashion Week. O debut da marca carioca no SPFW, feito na menor sala do pavilhão da Bienal, trouxe uma coleção com o tema Dândi da Silva – que segundo o release é um cara ‘boêmio, musical, elegante, colorido e cheio de suingue’.
Achei a coleção bem comercial, sem grandes extravagâncias.”
 
“O verão da Reserva tem malhas leves de lã amarelo e rosa claros, calças com estampas gráficas e muita geometria nas camisas, que podem ser listradas, diagonais ou xadrez. Gostei demais de uma camisa xadrez com uma borda amarela. Mas, lã no verão me parece um pouco demais, mesmo que seja uma coisa leve, para sair à noite. Não sei se eu usaria.”
 
“Porém, o que me conquistou na coleção foi a utilização da cartela de cores. Grande parte das roupas é cinza/prata e marrom com detalhes em cores fluorescentes. Eu, que gosto de cores vivas, usaria tranquilamente a maioria das peças – menos uma blusa que é amarrada na cintura. Acho improvável que a maioria dos meus colegas de trabalho – que fazem chacota das minhas camisas rosas – usasse algum dos modelitos.”
 
“Cores ainda são vistas como extravagantes ou como uma coisa do mundo feminino pelos homens na maioria dos ambientes de trabalho e fora dele também. É claro que existem pessoas que não compartilham dessa opinião, mas é só dar uma olhada na avenida Paulista na hora do almoço: é um festival de preto, cinza, marrom e azul-marinho no corpo de homens de todas as idades. Talvez os estilistas da Reserva não tenham pensado num uso ‘corporativo’ das peças, mas seria interessante alguém elaborar isso. Também seria interessante pensar em roupas bacanas para quem está acima do peso.”

“A alfaiataria apresentada no desfile tem um toque retrô e mistura paletós com bermudas. Não gostei da combinação e não usaria as duas peças juntas – acho que paletó e bermuda dá um ar muito infantil para o homem. Mas eu gostei do paletó xadrez e usaria com uma calça lisa ou com um jeans. As bermudas da coleção são bonitas, mas nenhuma me impressionou. Ainda acho que as camisas e blusas foram os destaques e usaria grande parte do que foi apresentado. Combinando com o que tenho no meu guarda-roupas, eu estaria arrumado como pede o meu trabalho, mas com um toque descontraído, que me diferenciaria dos outros.”  Luiz Pattoli

Eu também reparei que vários estilistas propuseram o uso do paletó com bermuda ou short, o que parece muito apropriado para o nosso clima tropical. Mas concordo com o Pattoli quando diz que deixa o homem com ar infantil. Em geral, rapazes de short em situações urbanas me fazem pensar naqueles uniformes do jardim da infância. Será que é falta de hábito? Preconceito? Será que um dia os executivos vão exibir as pernocas no trabalho?

Selecionei estas três fotos para serem averiguadas por potenciais consumidores:

 reserva2.jpg Look 1 – Reserva

mario-queiroz1.jpg Look 2 – Mario Queiroz

vrom-1.jpg Look 3 – V.Rom

Agora vamos ver o que os rapazes pensam sobre a dupla paletó com bermuda:

ricardo-lombardi.jpg Ricardo Lombardi, 38 anos, editor do Guia do Estudante e Alamanaque Abril e autor do blog Desculpe a Poeira.

Look 1: Não dá. Só o tênis e a bermuda se salvam, sem o paletó. Usando esse conjunto eu me sentiria uma espécie de Pee Wee Herman  pronto para animar uma festa infantil. Mas a bermuda é bonita.

Look 2: As peças funcionam separadamente, também. O calção eu usaria na praia; o paletó e a camisa, no trabalho. Mas se usasse tudo junto seria demitido, acho.

Look 3: De todos, é o que me pareceu mais próximo da realidade (bom, ao menos da minha). Eu não usaria, mas achei que caimento das peças dá um ar confortável ao conjunto. Ah, ok, eu usaria na praia, numa festa. Resumindo: paletó e verão tropical não combinam. Melhor insistir na camiseta básica ou na camisa hawaiana.

joao-perassolo.jpg João Pedro Perassolo, 25, jornalista e autor do blog Música de Cabeceira

Look 1: Parece roupa de palhaço de circo, versão 2008. Overdose de xadrez. Só falta aquele nariz vermelho.

Look 2: Poderia ser usada numa pool party, tipo festa de reveillon à beira da piscina. Se colocar um suspensório e tirar o paletó, fica o Chaves.

Look 3: Quando o excesso faz sentido. O detalhe em verde no paletó chama a atenção e te distrai das estampas todas. Usaria numa festa, sem medo de ser feliz. Nota dez.

julio-cesar-2jpg.jpg Júlio César Soares, 25 anos, jornalista e autor do blog O Imperador.

Look 1: A bermuda me chocou por ser muito justa. É mais ou menos a calça do Zezé de Camargo (daquela dupla lá), inclusive em seu tamanho real.

Look 2: Já esta é uma bermuda da Seleção de 82. Aposto que pegaram o calção do Sócrates como base.

No geral: Sei lá, achei as bermudas meio estranhas. Talvez um estilo mais Angus Young, do AC/DC cairia melhor pra mim. E você sabe, “Imperador” não usa essas coisas de paletó. Imperador usa saia e toga, hahahahahahhahahaha…

renato-salles.jpg Renato Salles, 28, arquiteto e autor do blog Arquétipos de Arquitetura.

Look 1: Acho interessante, mas o crash de estampas me incomoda um pouco. Talvez com uma camisa branca ou até uma camiseta eu usaria. Mas o paletó é um pouco estruturado e justo demais e a bermuda é para ocasiões mais informais, então não usaria um corte de paletó tão sisudo.

Look 2: Não gostei. O tecido xadrez é muito pesado, o paletó tem um corte muito folgado e o short curtinho não dá. Fora que se você fechar os botões do paletó provavelmente vai parecer que está sem calça.

Look 3: É o mais legal. O paletó é mais curto, tem detalhes divertidos e acaba ficando com uma cara de jaqueta. A estampa da bermuda e do colete está longe de ser a minha favorita, mas o contraste com a cor clara e lisa do paletó funciona bem. A bermuda podia sem um pouco mais longa, como a primeira, mas esse é o look que acho mais provável de usar.

No geral: Trabalho sempre de calça jeans e camiseta, então não estou acostumado e não gosto de usar terno. Por isso acho que quebrar a sisudez do conjunto uma idéia bacana. Acho difícil que eu use um paletó em um dia em que esteja de bermuda, porque provavelmente o calor não vai ajudar, mas não vejo problemas com a combinação.