O projeto IN.USE reune moda, reclicagem e gente bacana: Ana Piriz, Agus Comas, Ricardo Toscani… É neste sábado, na loja da talentosa Fernanda Yamamoto, na rua Aspiculeta, 441. Imperdível!
H&M na onda eco-friendly?
A H&M vai lançar esta semana, no dia 18 de março, a coleção Garden Party, supostamente feita com materiais reciclados, sutentáveis e com baixo impacto ambiental, como poliéster reciclado, linho e algodão orgânicos.
A iniciativa até que é louvável, se desconsiderarmos o fato da marca de fast fashion lançar centenas de outras peças de materiais sintéticos, destinadas ao consumo rápido, que irão levar mais de 200 anos para se degradar no meio-ambiente. Isso sem falar no fato das grandes redes varejistas estarem intimamente relacionadas à contratação de mão-de-obra barata em países em que os direitos trabalhistas não são minimamente respeitados. Salários irrisórios, semi escravidão e assédio sexual são alguns dos fantasmas que assobram milhões trabalhores da indústria ligada à moda, globalmente.
Quem se interessa pelo assunto não pode deixar de ler “Eco Chic -O guia de moda ética para a consumidora consciente”, de Matilda Lee. Lá, a autora cita dados assustadores, e explica, por exemplo, que nas Zonas de Processamento de Exportação (parques industriais que oferecem férias de impostos, isenção de taxas e redução de subsídios), os trabalhadores (90% mulheres) não tem benefícios ou sindicatos. Em 2005, essas ZPEs já empregavam mais de 50 milhões de pessoas.
E ainda: “De acordo com estimativas da Oxfam (Oxford Committee for Famine Relief –Comitê de Oxford de Combate à Fome), menos da metade das mulheres que trabalham nas indústrias de tecido e de roupas para exportação de Bangladesh é contratada. A maioria não tem plano de saúde ou licença maternidade, trabalha em média 80 horas extras por mês e recebe apaenas de 60 a 80% dos seus ganhos –o restante é retido pelos donos das fábricas a título de aluguel, água e comida…”
Existem muitos outros casos mas, a grosso modo, o que acontece é que as grandes redes pressionam os fornecedores a fabricar grandes quantidades de itens, rápido e barato, e essa pressão é repassada para os funcionários. É verdade que muitas redes procuram fazer auditorias sociais nas fábricas de seus fornecedores, mas as pesquisas indicam que isso não é suficiente para mudar a realidade.
Como se vê, ser eco friendly é MUITO MAIS do que fazer uma coleçãozinha roupas coloridas, com tecidos amigáveis e preços camaradas. Mais do que nunca, vale a máxima: Quem não te conhece que te compre!
UPDATE: No dia 18 de março, três dias depois da publicação deste post, a imprensa noticiou a autuação de uma oficina de costura (prestadora de serviço ligada às lojas Marisa) por utilizar mão-de-obra escrava de imigrantes ilegais. Leia a matéria completa no site Brasil de Fato.
10 dicas para ser eco fashion em 2010
O consumo desenfreado que se alastrou no mercado de moda, nos últimos anos, já começou a desencadear uma reação contrária. Não dá mais para ignorar o custo ambiental de todo esse consumismo fast fashion. É preciso também tomar consciência do papel que cada um de nós desempenha ao realizar este ato aparentemente banal que é se vestir. Pensando nisso, reuni 10 dicas ser eco fashion em 2010.
1) Mude a combinação
Quem nunca abriu o guarda-roupa e disse: “não tenho roupa para sair“, que atire o primeiro cabide! A solução para este problema não passa necessariamente pela conta bancária. Faça um exercício de criatividade com o que você já tem, experimente novas combinações, sobreponha peças, misture estilos, perca o pudor com as cores. Além de economizar dinheiro, você estará diminuindo a quantidade de lixo descartado.
2) Custo x benefício
Consuma de forma mais inteligente. Invista em peças de qualidade que, mesmo custando mais, irão durar por várias estações. Para renovar o visual, combine seus clássicos com acessórios charmosos: echarpes, colares e brincos vistosos, cintos, sapatos, botas e chapéus.
3) Comércio justo
Preste atenção em quem fabrica o que você veste. Algumas grandes marcas que vendem muito barato escondem uma feia realidade: a exploração de trabalhadores, o uso de mão de obra escrava e até mesmo infantil.
4) Eco-fabrics
O que você veste tem grande impacto no meio ambiente. Tecidos sintéticos, à base de poliéster, demoram 200 de anos para se decompor na natureza. As plantações de algodão, por outro lado, usam pesticidas altamente tóxicos em grande quantidade. A saída é optar por roupas de algodão orgânico, sempre que possível.
5) Segunda chance
Foi-se o tempo em que os brechós eram lugares entulhados e poeirentos. Hoje, existem lojas que vendem roupas de segunda mão em ótimo estado, organizadas e limpas. Frequente-as para adquirir ítens em conta, ou para vender aqueles que não usa mais.
6) Troca-troca
Organize um evento de trocas com os amigos, em que cada um leva um certo número de peças e tem direito a escolher outras. Como a ideia desse troca-troca é se divertir, solicite que os convidados levem comidinhas, enquanto o anfitrião providencia as cervejas geladas.
7) Agulha e linha
Se você tem habilidade em trabalhos manuais, faça um curso de corte e costura, ou aprenda a tricotar. Assim, além de ter o prazer de criar e vestir algo original, você evita o impacto ambiental da etapa de confecção industrial.
8) Couro verde
Procure comprar acessórios feitos de couro vegetal que não utilizam cromo no curtimento. Um parte dessa substância pode oxidar, tornando-se tóxica e poluindo a água usada no processo.
9) Conta gotas
Lave suas roupas com água fria e ecologicamente correto, e seque-as no varal, evitando o uso da secadora. Uma única camiseta, lavada a 60ºC, secada na máquina e passada a ferro, libera 4 quilos de emissões de dióxido de carbono em sua vida útil. Isso equivale a a uma viagem de avião de 27 quilômetros!
10) This is not a plastic bag
Acostume-se a levar uma sacola de pano dentro da bolsa, para evitar o uso de sacos plásticos descartáveis.
Essas dicas fazem parte do concurso cultural 10 para 2010 da Bierboxx, e foram inspiradas pela leitura do livro “Eco Chic” de Matilda Lee (editora Larousse). Espalhe-as por aí e feliz 2010!
acessórios com alma
Houve uma época em que eu achava que não gostava de bijuterias. Usava um relógio antigo, comprado num brechó, e mais nada. Olhava para aquelas lojas de shopping, apinhadas de brincos, colarzinhos e badulaques e sentia um enjôo instantâneo. Tudo parecia fabricado em série, sem personalidade. Com o tempo, fui descobrindo marcas que vendiam peças especiais, capazes de me encantar. Como a Mary Design, grife da mineira Mary Arantes, que faz acessórios que já vem com alma e história.
No caminho da coleção de verão 2010, recém-lançada, a designer encontrou uma árvore. Transformou raízes, galhos, flores e ninhos de pássaros, em poesia visual. E além disso, refletiu sobre a urgência de adotar atitudes eco-lógicas.
“Nosso homenageado é o escultor e naturalista Frans Krajcberg, por acreditar que ele traduz a chegada a um estágio global de percepção. De origem polonesa, este feroz defensor do nosso verde abraçou a causa das queimadas no Brasil, mais do que qualquer brasileiro”, diz Mary.
Para traduzir o conceito desta nova consciência, foram usados materiais alternativos, técnicas sustentáveis e arte. Dois artistas convidados colaboraram com a coleção: Wallace Barros, que cortou, gravou e queimou câmaras de ar de borracha, e madeira, criando o que podemos chamar de “adornos que denunciam”. E a estilista Brígida Santos, que se apropriou de restos de couro sintético, descartados por fábricas, para criar um patchwork de flores e folhagens com exuberância tropical.
Apesar dos materiais serem quase banais, a imaginação é rica: lindas borboletas brotam de penas de pavão, as rendas brasileiras se vestem de metal dourado. E até as paisagens nordestinas são eternizadas, nas peças feitas com garrafinhas de areia colorida, típicas do artesanato local. “Mais que um souvenir, nosso colar tem como intenção colocar esta cena numa redoma de vidro, como relíquia a ser guardada de um cenário ainda existente”, explica Mary.
Fotos: Juliano Arantes
Equipe de estilo: Mary Figueiredo Arantes, Camila Borges, Juliana Scheid / Contato: mary@marydesign.com.br
reciclagem de peito
O que você está vendo, acima, é o produto ecológico mais bizarro de todos os tempos: um sutiã que se transforma em sacola de compras, ou como preferem os anglicistas, em shopping bag.
Interessante… a “mulé” faz as compras, tira o sutiã, solta a sobra de tecido embutida no bojo, amarra aqui e ali, e pronto! Agora é só colocar as compras lá dentro!
Na verdade, a exótica peça –criada pela fabricante de roupas íntimas Triumph do Japão e feita de fibras recicladas de garrafas PET– tem como objetivo chamar a atenção para os bilhões de sacolas plásticas descartadas pela população. E não, não deve ser comercializada.
Saiba mais aqui
Demorou!
Eu já tinha ouvido falar, mas agora chegou o convite oficial. A Secretaria do Verde e do Meio-Ambiente lança a campanha “Eu Não Sou de Plástico”. A ação acontece nesta quarta-feira, no Porão das Artes no Ibirapuera, onde serão expostas 112 sacolas de tecido, criadas por estilistas do Brasil todo, com a curadoria de Lilian Pacce.
A idéia –que não é nova e já foi adotada em muitos países da Europa– é substituir as sacolinhas de plástico do supermercado por bolsas reutilizáveis. Sei que muita gente resiste à idéia, às vêzes por achar que as sacolas acabam sendo úteis, já que se pode usá-las como saco de lixo. Mas é imperativo repensar essas posturas e até achar outras maneiras de embalar o lixo-nosso-de-cada-dia.
“De acordo com o relatório da ONU, o Brasil foi o país onde mais florestas foram devastadas, entre 2000 e 2005.” !
Em tempo: o convite, por isso, chega somente por email!