acenda a roupa, por favor!

Em outubro de 2006, o povo da moda ficou maravilhado com o desfile de Hussein Chalayan em Paris. O estilista cipriota colocou na passarela roupas que pareciam se mover por vontade própria: decotes se abriam, saias ficavam mais curtas e, no grand finale, um vestido inteiro desaparecia como num passe de mágica, diante dos olhares atônitos da plateia. O truque, na realidade, era pura tecnologia. A mesma, aliás, que tinha sido usada no filme “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban“.

Em março de 2007, Chalayan mostrou vestidos que se acendiam graças a luzes LED. E em 2008, como você pode ver neste post, as luzes entraram em cena de novo, só que desta vez elas se moviam pelos trajes, fazendo uma referência ao Big Bang. Impressionante!

Look da coleção outono-inverno 2008/09 de Hussein Chalayan
Look da coleção outono-inverno 2008/09 de Hussein Chalayan

Agora, apenas dois anos depois, qualquer um pode fazer sua própria roupa tecnológica. Um grupo chamado High-Low Tech, ligado ao MIT, criou o projeto LilyPad Arduino que consiste em um kit de costura com módulos eletrônicos. O lance mistura artesanato em tecido, engenharia elétrica e programação para criar vestimentas interativas.

Parece complicado? Vamos simplificar: que tal uma jaqueta com setas luminosas nas costas, que você pode acionar quando está andando de bicicleta, para sinalizar se vai virar à esquerda ou à direita?

Gostou? Quer se aventurar no estilo fashiontronic? O tutorial completo para fazer a jaqueta está aqui! Lá você encontra também um casaco de moletom que canta conforme você toca o tecido, entre outros projetos malucos.

O denominador comum dessas invenções é o uso do Arduino: um hardware open-source ideal para quem quer receber dados do ambiente – como sensores de temperatura e luz-, e através de motores LEDs, criar objetos interativos. O baixo custo, a flexibilidade e a facilidade de usar são seus grandes atrativos.

Ah, não esqueça de acender a roupa antes de sair!

(via Design Porn)

o grande mestre

 chalayan-final.jpg

Ele já colocou um tornado na passarela, já iluminou vestidos com LED, já fez a roupa da modelo desaparecer completamente, diante de uma platéia atônita.

Seria Hussein Chalayan um mestre da prestidigitação? Apesar da sensação de estarmos diante de um ilusionista, o que rege o trabalho desse estilista é a technologia, usada sempre a serviço de conceitos consistentes, contundentes, inteligentes.

O tema do último desfile, que aconteceu em Paris na última quarta-feira, foi a evolução da humanidade. Para ver este vídeo antológico, é só clicar AQUI.

Leia, abaixo, a crítica de Sarah Mower, do Style.com

PARIS, February 27, 2008 – Something amazing took place at Hussein Chalayan’s show: Models broke out in smiles. Not stilted smiles they’d been ordered to wear, but the spontaneous human variety that indicates actual enjoyment. Suddenly you thought: Good Lord, there are people inside these girls! They are actually…living individuals!This was not the intended revelation of Chalayan’s collection, but as an accidental by-product, it made a serendipitous contribution to what he was saying. “Generally, I’m interested in how we are as human beings,” he said after the show. “I think of my work as a kind of life science.” Chalayan’s concept was an abstract story about the evolution of humanity, which was accompanied by an a cappella group who struck up an extraordinary vocal timpani simulating prelife space sounds, jungle noises, and folkloric and religious chants.

So was it the group that started to crack the models up? Or was it that naughty Coco Rocha, who advanced toward the photographers wearing a draped black dress that had a 3-D ape worked into it? An ape drape. After that, it was a case of every nation under a smile—not just the little-girl performers, but the from-everywhere audience, too. Never in a nasty way, though, because apart from the missing-link showpiece, the collection represented some of Chalayan’s most highly evolved designs for everyday living. Take the clothes away from the concept and you simply have intelligently cut asymmetrical dresses and all-in-ones with interesting gathers and soft drapes. Some came in prints of Stone Age flint ax heads, and others with straps made of special rough-cut Swarovski stones made to imitate, well, stones.

At the end, two girls came out in mechanical dresses that, in the darkness, sent out moving spots of light configured to symbolize the big-bang beginning of the universe. They were, as always in a good Chalayan show, astonishing and moving. But somehow, it was the sight of those normally dead-faced models coming to life that was really miraculous.
– Sarah Mower 

(foto: Marcio Madeira/Style.com)