Já viu o vídeo feito por Nick Knight, com Raquel Zimmermann vestida por Gareth Pugh, dançando “Poker Face” da Lady Gaga? De peruca preta, a top dança, se contorce e interpreta a música muitíssimo bem! E olha que não deve ser fácil se andar de um lado para o outro dentro de um vestido longo com cauda, todo esburacado!
siga a trilha!
Notícias fresquinhas direto de Paris: Augusto Mariotti —diretor de conteúdo do SPFW que está na Cidade Luz fazendo cobertura da semana de moda– comentou, por email, as trilhas sonoras dos desfiles que mais gostou:
Chanel: “o top DJ Michel Gaubert* –conhecido por fazer as coletâneas dos CDs da Colette– começou com Our House do Madness, depois veio Friendly Fires com Paris e Ladyhawke com Paris is Burning. A coleção prestava homenagem a Paris e essas músicas foram perfeitas, além de darem frescor à apresentação”.
Aqui você escuta Paris is Burning da LadyHawke, remix de Cut Copy
[audio:LADYHWKParisIsBurning]Abaixo, o vídeo de Our House do Madness, mais pop impossível!
*Para saber mais sobre Michel Gaubert, DJ disputado por marcas como Balenciaga, Proenza Schouler, Rodarte, Nina Ricci, Jil Sander, Raf Simons, Gucci, Yves Saint Laurent, Viktor & Rolf, entre outras; leia a entrevista publicada na Hint.
Acima, look Chanel, foto de Alessandro Lucioni/Style.com
Gareth Pugh: “outra trilha que adorei, super electro, dark e com batida marcada. A música era um remix de Goodbye Horses do Q Lazzarus.” Que você ouve a seguir!
[audio:goodbyehorses.mp3]Entre conceitual e comercial, imagem de Gareth Pugh, feita por Alessandro Lucioni/Style.com
Christian Dior: “o DJ Jeremy Healy começou com uma faixa nova do Martin Solveig, meio electro-house; daí veio MGMT com o remix do Justice para Electric Feel e fechou com She wants to move do N.E.R.D.”
Clique na barrinha abaixo e ouça o delicioso remix do Justice para Electric Feel:
[audio:mgmteletricfeel]Galliano paga tributo a Alaïa, na passarela da Christian Dior. Foto: Alessandro Lucioni/Style.com
a fada madrinha dos jovens estilitas ingleses
A primeira convidada do Pense Moda, nesta segunda-feira, dia 05 de novembro, foi Lulu Kennedy, criadora do projeto Fashion East (o nome é um trocadilho com a palavra fashionista, reparou?). O evento, que acontece em Londres simultaneamente à semana de moda inglesa, é responsável por apresentar 3 novos estilistas a cada estação.
Na foto abaixo, Camila Yahn e Lulu Kennedy, à direita.
Lulu Kennedy começou a palestra contando que sua formação acadêmica foi na área de Artes, que já trabalhou em galerias e que não tinha lá uma imagem muito boa do mundo da moda. Mas essa visão mudou depois que ela conheceu o trabalho do estilista Hussein Chalayan. Eles se conheceram quando Chalayan estava em busca de um galpão para ambientar seu desfile e Lulu o ajudou com a produção executiva.
Então ela idealizou o Fashion East, um projeto sem fins lucrativos, feito para ajudar os jovens estilistas a se lançarem no mercado. Para torná-lo viável, precisava de um grande patrocinador. A Topshop a procurou e as coisas aconteceram.
Parêntesis: ou a moça tem sorte ou as coisas são diferentes na Inglaterra, né!? Porque as histórias que ouço envolvendo patrocinadores, aqui no Brasil, tem um tom melodramático. André Hidalgo, por exemplo, está sempre lutando, com grande dificuldade, para conseguir realizar a Casa de Criadores. Mas vamos em frente!
A seguir, Lulu ressalta a importância do apoio que recebe de jornalistas de moda como a poderosa Sarah Mower –que escreve para o Style.com e para a Vogue–, e Nicola Formichetti, editor de moda da revista Dazed&Confused. E atenção, todo o tempo e a expertise que estes profissionais dedicam ao evento não é remunerado!
“O aval deles é tão importante quanto o patrocínio financeiro, pois agrega credibilidade e atrai a atenção da mídia e dos compradores”, diz.
Neste momento, confesso que senti uma certa melancolia, pois lembrei que durante os 7 anos em que trabalhei como editora de moda de uma revista mainstream, só consegui publicar uma matéria sobre novos talentos! Não foi por falta de vontade ou de tentativas. Apenas, a direção da revista não considerava os jovens estilistas importantes, do ponto de vista comercial. Na minha opinião, esse racionínio é equivocado porque não leva em conta que eles são a matéria-prima do futuro.
Não vejo esse episódio como um acontecimento isolado, acho que muitas revistas brasileiras de circulação nacional ainda precisam se dar conta do seu papel no desenvolvimento do mercado de moda.
Confira, abaixo, alguns dos talentos que já participaram do Fashion East.
Cassette Playa: grife de moda masculina feita pela estilista Carri Mundane, com estética calcada em videogame e new rave.
Noki: no desfile de primavera-verão 2008, camisetas de heavy metal convivem com vestidos de baile. Ele é uma excessão no evento pois já trabalha há 10 anos e, segundo Lulu, ainda vai participar da próxima edição do Fashion East, embora ela não tenha explicado de que forma isso vai acontecer.
Foto: Márcio Madeira/Vogue.com
Gareth Pugh: o novo queridinho do mundo fashion era considerado como um risco conhecido. “De antemão sabíamos que os críticos iam dizer que a roupa é teatral, que é para os clubes noturnos e não para as passarelas. Mas ele trabalha duro e é muito talentoso, então resolvemos enfrentar o desafio”.
E valeu a pena: Gareth Pugh foi catalpultado do underground para a fama e hoje, está em todas as revistas importantes da Europa. Veja aqui o desfile de outono-inverno 07/08, com direito a bastidores e entrevista.
No início da carreira, o designer enfrentou críticas severas. O barulho gerado pela imprensa, em torno do desfile, despertou a atenção de todos, mas Gareth não tinha nenhuma estrutura de venda. A imagem da passarela era tudo o que se podia consumir.
Se fosse aqui no Brasil, o que teria acontecido? Tenho a impressão de que ia ser comido vivo, não só pelos compradores, como pela imprensa de moda também. Será que teria conseguido uma segunda chance?
Ainda bem que os ingleses são mais tolerantes.
E ficam as questões: qual a função do desfile? Ele pode ser só uma manifestação pessoal do estilista, sem desdobramentos comerciais? É válido criar uma imagem fabulosa, só pelo desejo do sonho ou para quebrar alguns paradigmas? Opinem!