A terceira palestra do primeiro dia coube a Tufi Duek, que fez uma apresentação cronológica e detalhada de sua carreira, começando em 1975 com a criação da Triton –que na época comercializava só camisetas–, passando pela criação da Forum Jeans em 84, até a venda das marcas, em 2008. Alguns exemplos:
Em 94, época da Copa, Tufi botou o jogador Viola para encerrar o desfile, ao lado da modelo Claudia Liz. A ação fazia parte de campanha “Brasil Mostra Tua Cara”.
Em seguida, em 95, acontece o lançamento do livro “Welcome to Brazil”, celebrando a brasilidade com direito a festa na Ilha Fiscal. Mas por que o título em inglês?
Vera Fischer –ícone da mulher latina e encrenqueira, digo… passional, que é mais chique– rodopiou e rebolou na passarela, em 96.
A campanha “Camisa do Brasil” –aquela que tinha as palavras LUTA, RESPEITO, FÉ, etc. estampadas no peito– foi veiculada em 2003.
Em 2004 rolou a gravação de cenas da novela Celebridade durante um desfile –ocasião em que quase fui esmagada pela multidão de fotógrafos enlouquecidos.
Essas e muitas outras efemérides foram lembradas. E no final, preciso dizer que me senti numa convenção de franqueados da marca. Fiquei incomodada o alardeamento de tantos sucessos retumbantes e ininterruptos, pelo próprio Tufi Duek e sem nenhuma dose de modéstia.
A julgar pela apresentação, o “estilista e criador” da Forum praticamente inventou a brasilidade e sua grife trilhou este caminho em todas as suas variantes, sem nunca ter tido uma crise de identidade sequer.
É estranho porque eu me lembro de uma coleção da Forum, nos anos 90, que era extrememente conceitual, sem sensualidade alguma, com as mesmas modelagens geométricas de Hussein Chalayan. Ou seria de Helmut Lang?
Lembro-me ainda que os adoráveis vestidinhos com estampas praianas, da calçada de Copacabana, ou do Cinema Novo, cohabitaram com cópias deslavadas das passarelas européias, ora, da Gucci, ora de Marc Jacobs, ora da Lanvin, ora…
Assim como me recordo que vários profissionais gringos foram chamados para internacionalizar a imagem da marca, como a stylist Victoria Bartlet e os fotógrafos Steven Klein e Nathaniel Goldberg, por exemplo.
Não deixo de reconhecer o talento de Tufi Duek com empresário e empreendedor, nem pretendo invalidar suas inúmeras realizações com minhas memórias e questionamentos. Só acho importante redimensionar algumas coisas.
Por exemplo: o que quer dizer todo esse discurso de brasilidade? Em 94, a promessa de um Brasil tropical, sensual e acolhedor, estava no ar. Tufi Duek captou esse espírito e soube traduzí-lo em campanhas e ações para sua marca. Sempre teve faro para o novo e esteve atento para as grandes mudanças de comportamento, ou então se cercou de profissinais que tivessem essas qualidades.
Mas se intitular estilista e criador…péra lá! Criador é outra história!