Está aberta a temporada de festejos em torno do japonês Yohji Yamamoto –um dos meus estilistas favoritos de todos os tempos.
O designer é tema de 3 exposições em Londres: uma grande retrospectiva no museu Victoria & Albert, que cobre os 30 anos de carreira exibindo 60 roupas, vídeos e depoimentos de colaboradores como Nick Knight e Win Wenders, entre outros.
E duas outras na galeria Wapping Project, com foco na questão imagética e na colaboração de Yamamoto com Paolo Roversi, Peter Lindberg, Inez van Lamsweerde e Craig McDean.
Além disso, Yamamoto completa 10 anos de parceria com a Adidas –para quem desenha a marca esportiva Y-3– e comemora com o documentário, “Yohji Yamamoto: This is My Dream”, dirigido por Theo Stanley. Confira cenas do filme e uma entrevista do estilista no site Nowness.
“Eu não estou interessado na moda, em geral, mas sim no corte das roupas”, diz Yamamoto.
Quem não puder conferir essas atrações in loco tem a opção de assistir em DVD ao filme de Win Wenders, “Notebook on cities and clothes”, ou “Identidade de nós mesmos” na versão brasileira.
Já conhece o The Creators Project? É uma ideia muito bacana que pretende, segundo a definição de seus criadores, “celebrar a criatividade e a cultura entre os meios de comunicação ao redor do mundo. O Projeto surge em um momento da história da arte em que as tecnologias digitais têm revolucionado a distribuição, democratizado o acesso e reimaginado o escopo e a escala com que cada artista pode idealizar uma visão e alcançar um público. The Creators Project é um de canal de artes e cultura completamente inovador desenvolvido para um mundo completamente novo”.
Conteúdos impressos e digitais serão distribuídos através do site, de exposições, debates e instalações em vários centros urbanos ao redor do mundo, a partir de junho. A primeira cidade a receber o projeto será Nova York, e em seguida virão Londres, São Paulo e Seul, culminando com um enorme evento em Pequim, em setembro.
Atualmente, o site mostra, entre outras coisas, um vídeo bem legal com Muti Raldolph, artista multimídia que já fez a curadoria do espaço da Bienal durante o SPFW (foto acima), criou cenários memoráveis para desfiles (como uma enorme onda tridimensional, feita de isopor fatiado) e idealizou o D Edge, um dos clubes noturnos mais interessantes do país.
Outros artistas que já foram entrevistados pelo Creators Project são: o DJ e produtor Diplo, o músico chinês Sulumi, a banda francesa Phoenix. Mas muitos outros já estão programados: Jum Nakao, Mixhell, Alexandre Herchcovitch, Spike Jonze, Mark Ronson… A lista é longa. Espia lá que vale a visita!
A dupla holandesa Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin, que figura entre os melhores fotógrafos de moda do mundo, ganhará uma retrospectiva em homenagem aos 25 anos de carreira no Amsterdam Photography Museum (FOAM). Com inauguração marcada para dia 25 de junho, a exposição “Pretty Much Everything” irá explorar temas como sexualidade, identidade e superficialidade, sempre presentes no imaginário dos dois, tanto em editoriais de moda quanto em campanhas publicitárias. Acho que vou reservar uma passagem pra Holanda, já! Quem estiver lá pela Europa, pode conferir a mostra até 15 de setembro de 2010.
Pedro Martinelli, grande foto jornalista que há 30 anos vem fotografando a Amazônia, acaba de abrir uma galeria. Não numa rua badalada do Jardins, com direito a marchand e vernissage. Mas em seu próprio blog, para vender as imagens primorosas sem intermediários, por um preço mais acessível. Já comecei a fazer economia para adquirir uma delas, muito em breve.
Tive o prazer de trabalhar com Pedro Martinelli nos anos 80, quando ele dirigia o Estúdio Abril, e desde então, tenho profunda admiração por ele e por sua obra.
Entre os 5 livros que publicou, gosto especialmente de “Mulheres da Amazônia”, por motivos óbvios. Ali, Pedro faz um inventário visual da mulher cabocla, registrando sua beleza e a simplicidade de modo sublime. Como nessa mistura de estampas, tão casual, tão pop, tão brejeira.
Neste sábado (08/05/2010), acontece a abertura da exposição Homem & Natureza, que contrapõe fotos de Flavio Samelo e de Jayelle Hudson. Sou suspeita em elogiar os dois, pois ostenho como amigos, mas não vou deixar de afirmar o quanto os considero talentosos. Samelo, fotógrafo, skatista e grafiteiro, eu conheci uma exposição da Eastpak. Jayelle, modelo, artista e excelente cozinheira, através de uma foto, no flickr dele. Desde então trocamos figurinhas e afinidades. Mas vamos ao que interessa!
A mostra surgiu a partir de uma série de 10 fotos de Jayelle com árvores, inspiradas no teste de Rorschach. O procedimento foi criado na década de 20 pelo psiquiatra suíço Hermann Roschach, e consiste em mostrar 10 imagens com manchas de tinta simétricas para um indivíduo, que deve interpretá-las. A partir das respostas, o médico faz uma avaliação psicológica.
O próximo passo foi dado por Samelo, que mimetizou a ideia registrando o ambiente urbano e gerando mais 10 fotos. O diálogo entre essas duas vertentes poderá ser conferido de 08 a 20 de maio, no Cartel 011. Já o resultado do seu teste psicológico, não garanto nada. Vai lá!
Quero muito ver a exposição da fotógrafa franco-suíça Lili Roze. O motivo? Suas imagens, fixadas em polaroids, com uma beleza e uma feminilidade de tirar o fôlego.
Espaço Trio Rua Gomes de Carvalho, 1.759, Vila Olímpia De terça a sábado, das 12 às 15hs, até dia 12/05
Kiko Farkas, designer gráfico dos mais brilhantes, lança na próxima terça-feira “Cartazes musicais”, exposição e livro com cerca de 300 posters, criados entre 2003 e 2007 para a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
Compostos por elementos aparentemente simples, os cartazes parecem ter a capacidade de traduzir a música em poesia visual. É como se os símbolos gráficos se transformassem em notas musicais, numa partitura complexa, cheia de ritmo, genial.
No texto de apresentação do livro, a designer norte-americana Paula Scher, criadora dos cartazes para o Public Theater de Nova York, define bem:
“Este pequeno grande livro de Kiko Farkas contém, página a página, todos os ingredientes de um cartaz irresistível: escala, forma, complexidade, padrão, textura, perspicácia, exuberância, linha, cor, minimalismo, tensão, força, lirismo, contenção e surpresa. Muitos dos cartazes são pictóricos e formalistas. Outros são conceituais. Todos são supreendentes em sua diversidade, enquanto a qualidade permance constante”.
Lançamento: Cartazes musicais (Editora CosacNaify) Dia: 9 de março, às 20hs Centro Universitário Maria Antonia [Hall de entrada do Edifício Joaquim Nabuco] Rua Maria Antônia 258, Vila Buarque – São Paulo (SP) Mais informações: (11) 3255-7182
Esta semana, na seção Tesouros Sem Frescura, Liliane Oraggio dirige o olhar para a obra de um grande fotógrafo, mestre em captar a essência das coisas banais. Espia só!
Peguei o metrô para ver a mostra de Walker Evans, que fica no Masp até dia 10. Fui reparando nas pessoas que entravam e saiam dos vagões, no sábado chuvarento. Namorados entrelaçados pelas mãos. Mãe preta e filho dormindo no seio generoso. Olhar perdido no rosto do homem que tinha o susto congelado na cara. Tão bonitos… tão de verdade. Estava sem a câmera, mas fiz mentalmente esses registros das múltiplas formas humanas, tentando fixá-las em pleno trânsito.
Eu sabia que Evans tinha sido um dos mais importantes fotógrafos americanos, que a exposição era composta por 120 imagens feitas nos Estados Unidos, entre 1920 e 1970. Além de usar a câmera para esquadrinhar a geometria das cidades, eu não sabia que a expressão espontânea estava sempre na mira de suas lentes. “As profundezas do metrô são um lugar onírico para qualquer fotógrafo farto dos estúdios”, dizia Evans, anunciando o modo que encontrou para escapar do que era produzido, previsível, ensaiado, registrado em ambientes artificiais, ou seja, de tudo o que se fazia naquela época. Mantendo a mesma qualidade técnica e estética, com um faro antropológico, ele foi clicando as cenas cruas. No metrô de Nova York é inverno. As pessoas estão vestidas, mas os gestos estão nus. Homens, mulheres, crianças são notáveis porque são vivos e são comuns. Essa grande transgressão, que rompeu na década de 30, libertou Evans e seus retratos marcaram a história da fotografia.
Na outra sala, a série de polaróides é outra emoção. Nos anos 70, munido de uma SX-70, Evans quebra a resistência à revelação instantânea e firma com ela um novo pacto com a liberdade. Finalmente, as imagens servem ao real e ao instante, sem distrair o foco do belo meramente contemporâneo.
Fica a inspiração: enxergar o exuberante daquilo que-é-o-que-é, o que combina perfeitamente com as nossas câmeras digitais. Seria Evans uma espécie de bisavô da nossa sede de imagens?
Exposição até 10 de janeiro de 2010, no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Avenida Paulista, 1.578 (telefone: 11 – 3251-5644) Horários: De terças-feiras a domingo e festivos, das 11h às 18h. Às quintas-feiras, das 11h às 20h. Ingressos: Inteira: R$ 15,00. Estudantes: R$ 7,00. Gratuito até 10 anos e para maiores de 60 anos.