As bonecas da Dior

Adorável é a palavra para descrever este vídeo da Dior, que mostra a confecção das bonecas de pano que vão enfeitar a vitrine da marca neste Natal, na Printemps em Paris.

UPDATE: o vídeo citado acima não está mais disponível, mas encontrei um que mostra a vitrine da Printemps com as bonecas.

Isso sem falar na série Lady Dior Web Documentary, episódios 1 a 4, que não é bem documentário, mas tem cenas que mostram o ateliê da maison, a deslumbrante Marion Cotillard e, por último, uma animação deliciosa, com direito a música cantada por ela.  Aconselho a ver a série toda, em sequência.

 

 

Glamour dos anos 50 e 60

A atriz Mila Kunis na campanha da Dior
A atriz Mila Kunis na campanha da Dior
Juliana Paes na campanha da joalheria Vivara

Curiosa, a sintonia entre a campanha da Dior com Mila Kunis, e a da Vivara com Juliana Paes encarnando uma Sophia Loren. Em ambas, a fotografia em preto e branco e o visual das atrizes remetem ao glamour dos anos 50 e 60.

 

A dama de azul

E o filme novo da Dior, Lady Blue Shanghai, dirigido pelo David Lynch, com a Marion Cotillard heim?

Aqui vai a primeira parte!

10 looks para 2010

10 looks que vão influenciar 2010

Aproveitando o final de ano, fui rever os desfiles de primavera-verão 2010 do hemisfério norte para identificar tendências e possíveis influências nas apresentações brasileiras que estão por vir.

1. Uma das grifes mais copiadas no planeta fashion, a Balenciaga de Nicolas Ghesquière mostrou looks urbanos e atléticos, com um leve toque tribal visível nos sapatos e na maquiagem. As calças justérrimas, os tops com capuz e patchwork de listras, devem ganhar as ruas em versões mais acessíveis, feitas pelas redes de fast fashion.


O tribalismo atlético da grife Balenciaga
O tribalismo atlético da grife Balenciaga

2. As mulheres mitológicas de Alexander McQueen, oriundas de uma Atlântida platônica, usam vestidos curtíssimos com estampas digitais ultra sofisticadas. Peles de répteis e motivos marinhos são as padronagens que adornam o corpo da nova raça humana, na visão pós-apocalíptica do estilista.


A princesa submarina de McQueen
A princesa submarina de McQueen

3. Christophe Decarnin deve repetir o sucesso de suas últimas coleções para a Balmain, desta vez com casacos militares de ombros marcados, camisetas perfuradas a bala, calças skinny e vestidos que remetem a um estilo meio Pedrita, meio gladiador. É fácil visualizar o look rebelde glam, que reúne peças destruídas com outras enfeitadas, se alastrando no mercado de grande difusão como fogo num rastro de pólvora.


O militarismo sexy de Dercarnin, na Balmain
O militarismo sexy de Dercarnin, na Balmain


4. Mais uma inspiração primitivista, desta vez na passarela da Rodarte. Para compor o figurino de suas mulheres guerreiras, as irmãs Kate e Laura Mulleavy juntaram pedaços de materiais variados, como tecido, couro, renda, plástico e crochê,  criando drapeados elaborados, orgânicos. O luxo, aqui, tem aspecto de destruído, empoeirado, envelhecido.


Os andrajos chiques da Rodarte
Os andrajos chiques da Rodarte

5. Eu achava que nunca mais, nesta encarnação, conseguiria olhar para um lenço palestino sem sentir uma onda de tédio tomando conta do meu ser fashionista.  Mas Riccardo Tisci conseguiu recriar a padronagem do lenço keffiyeh de maneira espetacular, na coleção da Givenchy. Distorcida, a padronagem ficou meio psicodélica, e me lembrou os desenhos de M.C. Escher.


O lenço palestino, quem diria, foi desfilar na Givenchy
O lenço palestino, quem diria, foi desfilar na Givenchy

6. Até agora, todas as imagens selecionadas, embora diferentes entre si, tinham como denominador comum um tom de rebeldia apocalíptica. Mas os desfiles de primavera-verão do hemisfério norte também foram pródigos em feminilidade. E o da Lanvin é o exemplo máximo disso, com Alber Elbaz mostrando, mais uma vez, grande apuro técnico em peças com babados espiralados, bordados fabulosos e drapeados de gênio. Difícil eleger um look, entre tantos objetos de desejo, mas os macacões, ah…


O glamour impecável da Lanvin
O glamour impecável da Lanvin

7. Muita gente acha que Phoebe Philo merece o crédito por ter criado as melhores coleções da Chloé, entre 2001 e 2006, período em que substituiu Stella McCartney na direção criativa da marca. Agora, ela está a caminho de tirar a Celine do segundo time de grifes francesas. Esta sua segunda coleção na maison, de primavera-verão 2010, aposta num minimalismo acessível e impecável, com um toque utilitário e sedutor.


A Celine entra no primeiro escalão da moda, graças a Philo
A Celine entra no primeiro escalão da moda

8. Os drapeados e as referências militares, que apareceram em quase todas as coleções desta estação, se uniram para revitalizar os tradicionais trench coats da Burberry. A marca britânica, dirigida por Christopher Bailey desde 2001, mostrou muitas versões de seu icônico casaco, com drapês nos ombros, nas costas, nas saias. Por baixo,  os vestidos de tule de seda foram trabalhados com a mesma técnica.


A reinvenção de um clássico da Burberry
A reinvenção de um clássico da Burberry

9. Lauren Bacall foi o símbolo escolhido por John Galliano para resumir uma coleção calcada no glamour hollywoodiano. Apesar do trench coat ter dado as caras por aqui também, foi quando o estilista resolveu remexer na gaveta de lingeries que a coisa pegou fogo.  Sutiãs, ligas e badydolls se transformaram em vestidos luxuriantes, para femme fatale alguma botar defeito.


Luxo e luxúria na Dior
Luxo e luxúria na Dior

10. Escolher este último look, numa estação não muito inspirada, foi uma tarefa dura. Vi e revi os desfile uma dezena de vezes. Para não repetir a Lanvin (ah, aqueles drapeados…) e levando em conta que a volta do tailleur está em pauta, acabei escolhendo um look da Chanel. Não que eu não tenha gostado da coleção do kaiser Karl – que foi jovial e fresca, com transparências, rendas e texturas artesanais enfeitando as peças – mas é que não vi nada de tão inovador ali. Foi bonitinho, e só.


O tailleur Chanel: para menores de 21 anos
O tailleur Chanel: para menores de 21 anos

cenas de uma estação

fotosite-chanel

Marcelo Soubhia, excelente fotógrafo que é gente finíssima e criou a Agência Fotosite, acaba de publicar um slideshow com as imagens feitas durante os desfiles internacionais de primavera-verão 2010, em setembro e outubro. Vale a pena conferir a magia da passarela captada por seu olhar apurado.

fotosite-dior

siga a trilha!

Notícias fresquinhas direto de Paris: Augusto Mariotti —diretor de conteúdo do SPFW que está na Cidade Luz fazendo cobertura da semana de moda– comentou, por email, as trilhas sonoras dos desfiles que mais gostou:

 Chanel: “o top DJ Michel Gaubert* –conhecido por fazer as coletâneas dos CDs da Colette– começou com Our House do Madness, depois veio Friendly Fires com Paris e Ladyhawke com Paris is Burning. A coleção prestava homenagem a Paris e essas músicas foram perfeitas, além de darem frescor à apresentação”.

Aqui você escuta Paris is Burning da LadyHawke, remix de Cut Copy

[audio:LADYHWKParisIsBurning]

Abaixo, o vídeo de Our House do Madness, mais pop impossível!

*Para saber mais sobre Michel Gaubert, DJ disputado por marcas como Balenciaga, Proenza Schouler, Rodarte, Nina Ricci, Jil Sander, Raf Simons, Gucci, Yves Saint Laurent, Viktor & Rolf, entre outras; leia a entrevista publicada na Hint.

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Acima, look Chanel, foto de Alessandro Lucioni/Style.com

Gareth Pugh: “outra trilha que adorei, super electro, dark e com batida marcada. A música era um remix de Goodbye Horses do Q Lazzarus.” Que você ouve a seguir!

[audio:goodbyehorses.mp3]

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Entre conceitual e comercial, imagem de Gareth Pugh, feita por Alessandro Lucioni/Style.com

Christian Dior: “o DJ Jeremy Healy começou com uma faixa nova do Martin Solveig, meio electro-house; daí veio MGMT com o remix do Justice para Electric Feel e fechou com She wants to move do N.E.R.D.”

 Clique na barrinha abaixo e ouça o delicioso remix do Justice para Electric Feel:

[audio:mgmteletricfeel]

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Galliano paga tributo a Alaïa, na passarela da Christian Dior. Foto: Alessandro Lucioni/Style.com

simplicidade relativa

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Outro dia encontrei o top maquiador Max Weber e ele estava lendo “Yves Saint Laurent, uma biografia” de Laurence Benaïm. Como não tenho esse livro, não resisti a uma rápida leitura e me deparei com este trecho delicioso em que um político conversa com  Christian Dior sobre o New Look.

“Sempre chego atrasado ao Elysée e às recepções diplomáticas”, dissera um dia ao pai do ‘new look’ um importante personagem do Estado. “Todos pensam que sérias preocupações me retiveram. Na realidade, tenho que ajudar minha mulher a entrar nos vestidos que o senhor faz. São verdadeiras armaduras de tarlatana, guêpières secretas para amarrar, três ou quatro zíperes dificílimos de encontrar, jogos de barbatanas, fileiras de pressões. E são esses os vestidos que o senhor tem a audácia de chamar de muito simples!”