fim do intervalo

Estive super ausente do blog nas últimas semanas, mas agora retomo a atividade com vontade e energia redobradas!

Para recomeçar, já que estamos em plena temporada internacional de moda, assista ao vídeo da neozelandesa LadyHawke, cantando Paris is Burning –música fez parte da trilha sonora do desfile de primavera-verão 2009 da Chanel que aconteceu ontem, dia 3 de outubro, em Paris.

Para transportar a platéia até o lendário atelier da rue Cambon, Karl Lagerfeld mandou construir, no Grand Palais,  uma réplica em tamanho real da famosa fachada. Na passarela transformada em rua, as modelos desfilaram um pouco de tudo que representa o espírito de mademoiselle Coco: tailleurs de tweed, lindos vestidos de cocktail, detalhes de correntes,transparências e camélias. No final, entretanto, uma turma de rapazes encarnava fielmente o estilo pessoal do Kaiser Karl.

Para ler a crítica do desfile feita pela top jornalista Sarah Mower, clique AQUI.

Se você gostou do som da Ladyhawke e ficou com vontade de ouvir mais, visite o MySpace da moça.

[fotos: Alessandro Luciono/Style.com]

menta refrescante

A abertura oficial do SPFW aconteceu ontem, na Bienal, com o desfile da marca japonesa mintdesigns, dos estilistas Nao Yagi e Hokuto Katsui.

Dobraduras, misturas de padronagens e lindas perucas de papel criaram um clima de encantamento.

 Assista à entrada final e repare na transparência dos materiais. Pena que a qualidade do vídeo (feito com minha câmera digital) não permite ver alguns detalhes como rendas, bordados e texturas, realmente especiais. Para remediar, dá para espiar algums fotos no meu álbum do flickr, aqui!

vila sésamo

Esta referência passou despercebida pelos grandes críticos da moda do mundo!

Coube ao blog Trendinista  apontar a verdadeira inspiração do último desfile de Jonh Galliano: a banda “Dr. Teeth and the Electric Mayhem” do Muppet Show!

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Vai dizer que não são parecidos?!

o volume tá alto!

Ai minha Nossa Senhora dos Fashionistas! O que foi o desfile da Louis Vuitton! O Marc Jacobs que me desculpe, mas não gostei do festival de volumes exdrúxulos em tons pastel (preciso confessar: detesto essa gama de cores clarinhas) que ele botou na passarela da LV.

Vamos combinar que quando NEM as modelos ficam bem na passarela, é melhor que as roupas não cheguem às consumidoras reais, né!

Segundo o Style.com, Jacobs declarou que a coleção se baseia em formas esculturais criadas por pregas, dobras e pences. Ok, dá para perceber que a construção das peças é bem elaborada, mas o resultado final… a silhueta… é de lascar!

Espia e me diz se eu tô louca!

Não gostei nem mesmo dos acessórios: bolsas nacaradas, sapatos-tijolões, broches pesados, aiaiai!

o grande mestre

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Ele já colocou um tornado na passarela, já iluminou vestidos com LED, já fez a roupa da modelo desaparecer completamente, diante de uma platéia atônita.

Seria Hussein Chalayan um mestre da prestidigitação? Apesar da sensação de estarmos diante de um ilusionista, o que rege o trabalho desse estilista é a technologia, usada sempre a serviço de conceitos consistentes, contundentes, inteligentes.

O tema do último desfile, que aconteceu em Paris na última quarta-feira, foi a evolução da humanidade. Para ver este vídeo antológico, é só clicar AQUI.

Leia, abaixo, a crítica de Sarah Mower, do Style.com

PARIS, February 27, 2008 – Something amazing took place at Hussein Chalayan’s show: Models broke out in smiles. Not stilted smiles they’d been ordered to wear, but the spontaneous human variety that indicates actual enjoyment. Suddenly you thought: Good Lord, there are people inside these girls! They are actually…living individuals!This was not the intended revelation of Chalayan’s collection, but as an accidental by-product, it made a serendipitous contribution to what he was saying. “Generally, I’m interested in how we are as human beings,” he said after the show. “I think of my work as a kind of life science.” Chalayan’s concept was an abstract story about the evolution of humanity, which was accompanied by an a cappella group who struck up an extraordinary vocal timpani simulating prelife space sounds, jungle noises, and folkloric and religious chants.

So was it the group that started to crack the models up? Or was it that naughty Coco Rocha, who advanced toward the photographers wearing a draped black dress that had a 3-D ape worked into it? An ape drape. After that, it was a case of every nation under a smile—not just the little-girl performers, but the from-everywhere audience, too. Never in a nasty way, though, because apart from the missing-link showpiece, the collection represented some of Chalayan’s most highly evolved designs for everyday living. Take the clothes away from the concept and you simply have intelligently cut asymmetrical dresses and all-in-ones with interesting gathers and soft drapes. Some came in prints of Stone Age flint ax heads, and others with straps made of special rough-cut Swarovski stones made to imitate, well, stones.

At the end, two girls came out in mechanical dresses that, in the darkness, sent out moving spots of light configured to symbolize the big-bang beginning of the universe. They were, as always in a good Chalayan show, astonishing and moving. But somehow, it was the sight of those normally dead-faced models coming to life that was really miraculous.
– Sarah Mower 

(foto: Marcio Madeira/Style.com)

só no sapatinho

No desfile da Triton, no prédio da Bienal, no SPFW, na rua, em todo lugar, todo mundo tenta acertar o passo com a moda. Nem sempre dá…

Este é mais um vídeo exclusivo, feito pelo Chama Sabor Estúdio, para o Moda Sem Frescura.

às margens placidas do Tietê

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Quem não teve coragem de acordar cedo, numa chuvosa manhã de domingo, para assistir ao desfile da Cavalera, que aconteceu às margens do rio Tietê, pode conferir a minha aventura registrada em vídeo, no blog fiatnospfw. É só clicar AQUI!

(tem um monte de fotos no FLICKR, também!)

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E a pergunta que não quer calar é: para assistir a um desfile precisa ter coragem? Eu acho que não, basta ter curiosidade e disposição. Essas características, aliás, deveriam ser as forças motrizes de todo e qualquer jornalista. Mas a verdade é que muitos deixaram de comparecer à apresentação da Cavalera, por pura preguiça. A editora de um grande portal de moda, por exemplo, estava indignada com o fato de nenhum dos seus colaboradores ter aparecido por lá… 

Lá na foto do alto, fashionistas reunidos no ponto de encontro para pegar o ônibus até o rio Tietê. Depois, cena do desfile/protesto da Cavalera. As fotos foram feitas por mim.

império dos sonhos

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[Fotos: Cristiano/Reprodução]

Ainda me lembro claramente do impacto que o trabalho de Lino Villaventura me causou, à primeira vista. O estilista paraense, residente em Fortaleza, estava hospedado num flat, em São Paulo, para mostrar a coleção. Fui conduzida até lá pela amiga –e então editora de moda da Marie Claire– Claudia Berkhout.

Por todo o lado, no pequeno apartamento, se espalhavam roupas que me pareciam estranhas, feitas de tecidos elaborados, com cores contundentes e… escamas de peixe! Eu, uma jovem produtora de moda em início de carreira, fiquei fascinada e um pouco perdida dentro daquele mundo de referências desconhecidas.

Como sou péssima com datas, suponho que isso deva ter acontecido entre 1989 e 91. Depois disso, passei a acompanhar o trabalho de Lino com atenção e literalmente, de perto. Sim, para conhecer o universo do estilista é preciso examinar as tramas delicadas, os bordados insanos, as nervuras microscópicas. Da mesma maneira, é necessário expandir o olhar para um mundo teatral, dramático e grandiloqüente,  habitado por mulheres que são meio fadas, meio demônios.

Ou, como define, com perfeição, o jornalista Jackson Araújo (amigo e parceiro criativo do estilista em inúmeros desfiles), no volume dedicado a Lino Villaventura, na Coleção Moda Brasileira, editada pela CosacNaify:

“O seu espetáculo se alimenta de contradições: feminino e masculino, sonho e pesadelo, doçura e agressividade, vida e morte, branco total e preto absoluto, crença e agnosticismo, fome e banquete, floresta e caatinga, verdades e mentiras, orgia e solidão, materialidade e êxtase.”

Nesta edição do SPFW, o estilista comemorou 30 anos de carreira. Fez de sua passarela, palco para homenagear as mulheres fortes que sempre admirou: Ana Bolena, Elizabeth I, Eva Perón, Salomé, Medusa, Carmem Miranda, Isadora Duncan, Billy Holiday, Teda Bara, Gertrude Stein, Maria Callas. Muitas outras e, em especial, Inez Villaventura, aquela que o “impulsiona, incentiva e acompanha nesses 30 anos, com dedicação e companheirismo.”

Durante o desfile, um pensamento me ocorreu: se estas mulheres não existissem, teríamos que inventá-las! Ainda bem que a história e a imaginação deste estilista extraordinário, já se encarregaram disso.

[Fotos do slide show: Charles Naseh/site Chic]

as coisas

Outro momento “luxo e riqueza” para nossos ouvidos, no SPFW, foi ouvir Arnaldo Antunes cantando ao vivo, no desfile Do Estilista, de Marcelo Sommer. Era um final de tarde meio chuvoso, o cenário era o próprio parque do Ibirapuera e dava vontade de ficar horas ali, ouvindo o Arnaldo cantar.

Ao chegar em casa, me lembrei do livro “Como é que chama o nome disso”, uma antologia de Arnaldo Antunes, editada pela PubliFolha, que eu adoro. Abri o volume ao acaso, e me deparei com o poema “as coisas”.

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