a libertação da moda

O fotógrafo João Wainer publicou ontem, em seu blog, fotos memoráveis de um desfile de moda realizado no Presídio do Carandiru em dezembro de 1999. Infelizmente, não presenciei o evento histórico em que 13 travestis, todos detentos, brilharam na passarela graças à ideia (assustadora e genial) de Sophia Bisilliat. As roupas foram fornecidas pelo estilista Marcelo Sommer, que coordenou uma equipe profissional de maquiadores, iluminadores e DJs, “como se estivesse prestes a desfilar na Paris Fashion Week”.

Confira o texto e mais imagens, de arrepiar, lá no blog do João Wainer.

PS- Este episódio também é relatado por Jotabê Medeiros, no livro sobre Marcelo Sommer que faz parte da Coleção Moda Brasileira, da Cosac Naify.

@identidade

Se você é uma über-geek, fã do Twitter, vai adorar a marca Survival of the Hippest, que faz colares com nicknames e hashtags. Os preços começam em $49.95 para peças de prata, e $89.95 para as de ouro (mais o custo de envio internacional, de $15.95). O pagamento é feito com Paypal.

sabatina fashion

Você se considera expert em moda? Sabe dizer qual o nome da filha de Yohji Yamamoto, que também é estilista? Pode apontar, no calendário, o ano Yves Saint Laurent se aposentou? Distinguria uma renda guipure de uma laise?

Então, você vai se divertir com o Concurso Cultural Desafio Fashion, patrocinado por Rexona Hair Minimising. O quiz tem cerca de 600 perguntas, com cinco níveis de dificuldade, das mais básicas até as do tipo “dicionário ambulante”. Mas nem pense em pedir ajuda a “São Google” porque cada questão tem que ser respondida em até 10 segundos, não dá tempo! O concurso cultural vai até o próximo domingo, dia 28/02/2010, e as pessoas que fizerem mais pontos concorrem a regatas exclusivas assinadas por Julia Petit.

Corra para fazer sua sabatina fashion, no mínimo, você ganha algum conhecimento, nem que seja sobre suas próprias limitações! Até eu, que desenvolvi as perguntas do quiz, a pedido da marca, costumo errar algumas alternativas.  Para acertar todas as 600 respostas, de bate-pronto, acho que só o João Braga (meu professor de história da moda preferido). Vai lá!

tricô com longevidade

Muito tem se falado sobre a importância da reciclagem do lixo comum, mas o reaproveitamento de materiais têxteis, como tecidos, fios e fibras, não pode ser negligenciado.

Por isso, adorei a ideia do site Reknit: você manda seu suéter velho pelo correio, paga uma modesta quantia e recebe de volta uma peça novinha em folha, tricotada com a matéria-prima original. O curioso é que todo trabalho é feito pela mãe da idealizadora do projeto!

Além disso, são os internautas que votam na peça que será confeccionada, mensalmente. Em fevereiro, é um modelo de luva cortada. Em março, a julgar pela votação, será um chapéu. Mais informações no Facebook da marca, de onde saiu esta imagem sensacional, que mostra a vida de um novelo de lã, ao longo de mais de 50 anos, na família da tricoteira.

Para a pantalona, nesga

Liliane Oraggio, colunista que assina os Tesouros sem Frescura, encontra uma chave para o equilíbrio diário. Fala Lili!

Hoje estou antiguinha e fui topar com esse clip: Diariamente, de Nando Reis, na voz de Marisa Monte me tirou do caos. Os desenhos infantis da animação, as coisas bem dos anos 70, me puseram no colo da simplicidade, para tocar os emaranhados desse dia de calor senegalês, moden pifado e enxaqueca chegando. “Para dificeis contas: calculadora. Para o lápis de ponta: apontador. Para brincar numa gangorra: dois. Para fazer uma touca: bobs. Para os dias de folga: namorado. Para aumentar a vitrola: sábado. Para a cama de mola: hóspede. Para a pantalona: nesga. No fim da música o yin-yang alinhou com o aqui-e-agora, até Buda tirou um cochilo.

Por Liliane Oraggio

Barbie, do pretinho básico à nudez, passando pelo mundo geek

Recentemente, esbarrei em várias notícias envolvendo a boneca mais famosa do mundo, precursora da Paris Hilton no quesito loira fashion. Numa questão de semanas, a Barbie apareceu arrecadando fundos para uma entidade de moda, virou engenheira de computação, se livrou da roupa e da aura de santinha e, no final, acabou desmembrada para virar bijuteria. É interessante pensar no que essas representações nos dizem sobre o mundo de hoje. Vejamos…

A Barbie aderiu ao mandamento fashion que diz que toda mulher precisa de um vestidinho preto básico.  A Matel, fabricante da boneca, em parceria com o CFDA (Council of Fashion Designers of America), criou uma coleção de 12 bonecas, únicas e exclusivas, com roupas e acessórios desenhados por estilistas famosos, como Issac Mizrahi, Betsey Johnson e Deborah Lloyd da grife Kate Spade, entre outros.

As bonecas foram leiloadas pelo eBay no período de 28 de janeiro a 7 de fevereiro, e todo o dinheiro arrecadado será destinado às iniciativas educacionais e ao programa de bolsas de estudo do CFDA. Confira, abaixo, os modelitos da Barbie.

Na minha opinião, alguns looks ficaram bem duvidosos, como o da Betsey Johnson (uma estilista de quem nunca gostei, aliás) que mais parece um bambolê gigante, e o de Tory Burch, tipo perua rica com estola de peles. Isso sem falar que a estilista Rachel Roy deve ter um tipo novo de daltonismo, já que sua Barbie usa um “pretinho” que é turquesa e amarelo!!! Mas como a causa é nobre, espero que a arrecadação tenha sido boa.

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via Luxist

Outra novidade recente é que a Barbie agora se aventura numa nova profissão: engenheira de computação. Detalhe, a escolha da nova atividade profissional foi feita através do Twitter e do Facebook, onde a boneca pediu sugestões aos seguidores. Abaixo, você confere a Barbie geek, que veste blusa estampada com código binário, legging cintilante e acessórios pink.

via Likecool

Mas se você prefere algo mais “adulto”, pode encontrar no livro Bad Barbie do fotógrafo norte-americano David Levinthal, que mostra a boneca nua, engajada em várias situações sexuais. Hummm… Quem nunca brincou com a Barbie e o Ken que atire o primeiro cinto de catidade. Eu me lembro muito bem de ter imaginado uns roteiros calientes, quando era menina…rsrsrs.

Beiram o bizarro, mas são muito interessantes, as bijuterias criadas por Margaux Lange com pedaços de Barbie, prata e resina colorida. Colares, anéis, pulseiras e broches mostram boquinhas, pernas ou braços, que dependendo da composição, assumem um caráter romântico, gráfico ou macabro. A motivação da designer, no entanto, é reutilizar esses elementos industrializados de modo artesanal. Preços por volta de 170 dólares, no Etsy.

click sem frescura

Estas são algumas das minhas últimas descobertas, clicando aqui e ali, ao sabor dos links, adicionando pessoas no Facebook ou no Twitter:

Dani Scartezini  define seu blog A Florista, criado há pouco, como “uma espécie de sarau sobre criatividade, os processos de criação e o fazer”. Para inspirar, há fotos de Gleice Bueno e desenhos de Fernanda Guedes (abaixo). Espia lá!

Reconheceu o caderno Moleskine da Fernanda Guedes? Se não sabe do que estou falando, leia o post anterior a este! 😉

E já que falamos de flores, adorei o cenário da campanha publicitária da Bolon, uma tradicional marca sueca, fabricante de pisos de vinil.

anotação sustentável

Os cadernos da marca Moleskine viraram cult, no mundo todo, por terem sido usados por grandes artistas como Vincent van Gogh, Pablo Picasso e Ernest Hemingway. Afinal, em suas páginas, ficaram registradas ideias, pensamentos e esboços que mudaram os rumos da cultura ocidental.

A marca brasileira Moleco lançou uma versão similar da famosa caderneta, feita de papel reciclado, com formato pocketbook, capa de papel Kraft e miolo costurado. Há duas opções de tamanho, capas lisas ou estampadas em tons de preto, branco e vermelho. Dá para comprar pela internet ou nas lojas Mundo Verde, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ideal para quem tem criatividade e vontade de ajudar o meio-ambiente!

Mas se você está mais interessado no conteúdo que esses caderninhos podem conter, sugiro uma visita a estes grupos do flickr:

*Moleskine: One Page at a Time

*My Moleskine

(via Eco Desenvolvimento)

Chagall nos Sonhos

Na coluna Tesouros sem Frescura desta semana, Liliane Oraggio abre seu arquivo de imagens do inconsciente. Sonha, Lili!

Birthday 1915 de Marc Chagall

Chagall nos Sonhos

Desde criança sonho muito. Há uns tempos, comecei a aproveitar o tecidos dos sonhos em contos mínimos.
Tenho uma série deles que vou postar aqui, vez ou outra, entremenado os tesousos da realidade. Este contito é dedicado ao Roberto Gambini, brilhante analista junguiano, amigo querido, tradutor do livro “O Caminho dos Sonhos”, de Marie Louise von Franz e Fraser Boa. Esta obra mudou a minha vida e aumentou o gosto por sonhar e desvendar o material bruto do inconsciente. Em 2009, Gambini ganhou o prêmio Jabuti por “A Voz e o Tempo” , em que sintetiza sua experiência clínica dos últimos 30 anos. Eu tenho a sorte de saber que ele escreve como fala e enquanto leio posso ouvir sua voz e suas pausas… E, para combinar, claro, Marc Chagall que sempre me transporta por suas cores, bichos e atmosferas surreais.

Onírico 4

Birthday, 1915. Essa era a legenda para o quadro de Chagall disponível nos e-cards do Moma, de Nova York. Tudo na cena flutuava e de tanto olhar a imagem Ingrid já tinha sido o buquê colorido, o beijo suave, o homem, a mulher, o vestido, o tapete, as franjas do tapete. Naquela noite, clicou enviar e lançou, mais uma vez, Chagall pelos ares. Caminhou até o último dos três quartos do corredor, o silêncio entranhado na pouca mobília, na imensidão da casa quase vazia. Afundou o rosto na fronha de borboletas. Roberto entrou de terno escuro e camisa branca, se pôs a seu lado vestido. Num malabarismo certeiro, enlaçou-a pela cintura, mão firme, máscula, madura. Os pés de Ingrid calçados com delicados sapatos de salto deixaram o chão, os dele nunca tinham deixado o éter. Assim em levitação mútua foram se deslocando rápido, sem sequer arranhar a gravidade. Iam, simplesmente, juntos, na direção da cor.

Por Liliane Oraggio