a manicure e a duração das coisas

"Manicure", obra da artista Elida Tessler / Foto: Alessandro Asbun

Apesar da febre de novas cores de esmalte que anda rolando no mercado, nada tinha me surpreendido muito, ultimamente.  Afinal, eu costumava pintar as unhas de preto nos idos dos anos 80, época em que o look dark estava em alta e o Madame Satã era a casa noturna mais underground de São Paulo. Lembro-me até de ter comprado um esmalte caseiro, “azul klein”, no brechó Universo em Desfile. A cor era bonita e inédita mas manchava as unhas por semanas e não havia acetona que resolvesse. Esse era o preço a pagar, se você quisesse ser diferente.

Voltando à década atual…Esta semana, recebi um kit com os novos esmaltes da linha Matte Fluors, da Impala. Como o nome diz, são cinco cores flúo (pink, verde, amarelo, laranja e roxo) com acabamento matte (para quem não sabe, matte quer dizer fosco). E confesso que fiquei impressionada com o efeito, pois o brilho sempre foi uma qualidade intrínseca a esse tipo de produto. E quando você aplica o esmalte é meio inesperado, quase mágico, vê-lo ficar opaco depois de seco.

PS- A foto lá no alto, em preto-e-branco, pertence à revista de cultura Oroboro nº2, publicada em 2004. A matéria, escrita por Manoel Ricardo de Lima, analisa o trabalho da artista plástica Elida Tessler e a obra “Manicure”:

“…Vistos de perto, os vidrinhos tomam vida e são pequenos esboços, marcas de um sem-tempo, mas com uma duração que se registra na recolha, no colecionar à toa, no guardar objetos desprovidos de lugar e função neste mundo de um “a serviço de”, sempre a um “a serviço de”. (…) Bergerson disse que os seres e as coisas não são senão duração, e que a duração é aquilo que há de mais íntimo em cada ser, em cada coisa. E talvez possamos, a partir do trabalho da Elida, pensar uma outra pergunta: “como perdemos o tempo?”

polavision

Arrumando gavetas, encontrei uma coleção de polaróides que abrange um longo período de tempo, em que trabalhei como produtora ou editora de moda na revista Marie Claire. Essas imagens, anteriores ao registro digital, além de trazerem ótimas lembranças, tem muito a ver com a minha visão de moda e estilo e, por isso, decidi compartilhar algumas aqui.

Acima: fotos de Cristiano Madureira, Rogério Cavalcanti, André Andrade, Feco Hamburger. Modelos: Alessandra Berriel, Mariana Weickert, Michelli Provenzi, Paula Guillen, Violeta Stoltenborg, Katarina Scola, Sabrina Lemiechek, Renata Klem, Juliana Martins, Barbara Fialho, Raquel Lieven.

Queria agradecer a todos os fotógrafos e modelos com quem já trabalhei, pois sem eles, essas imagens existiriam apenas na minha imaginação.

tea for fashion

Uma vez, eu estava no Cafe de Flore, em Paris, e vi Karl Lagerfeld e sua entourage (lady Amanda Harlech incluída) adentrarem ao recinto. Foi uma sensação, dividir o mesmo ar e o mesmo ambiente com uma santidade da moda e seus súditos fiéis.

Mas quem quiser ter essa experiência não precisa fazer plantão nos cafés parisienses. Basta comprar o kit Prêt-à-porTEA da DonkeyProducts e mergulhar os saquinhos de chá com figurinhas fashion na água quente. Além do Kaiser Karl, tem Naomi Campbell, Jean Paul Gaultier, Claudia Schiffer e Donatella Versace.

Ok, eu confesso, pensei em afogar a Donatella na água fervendo! HAHAHAHA, risada sádica MODE ON!

PS- Se você preferir a companhia de Elvis Presley, Audrey Hepburn ou da rainha da Inglatrra, a Donkey Products também realiza seu sonho!

(via Objetos de Desejo)

The end of the world as we know it

Linda a nova edição da U_MAG –revista online feita por Romeu Silveira– recheada de fotos de Rogério Cavalcanti, com Paula Zago como modelo e beauty de Raul Mello: The end of the world as we know it. Vai lá!

A produção de moda inclui roupas de Lino Villaventura e da própria modelo

H&M na onda eco-friendly?

A H&M vai lançar esta semana, no dia 18 de março, a coleção Garden Party, supostamente feita com  materiais reciclados, sutentáveis e com baixo impacto ambiental, como poliéster reciclado, linho e algodão orgânicos.

A iniciativa até que é louvável, se desconsiderarmos o fato da marca de fast fashion lançar centenas de outras peças de materiais sintéticos, destinadas ao consumo rápido, que irão levar mais de 200 anos para se degradar no meio-ambiente. Isso sem falar no fato das grandes redes varejistas estarem intimamente relacionadas à contratação de mão-de-obra barata em países em que os direitos trabalhistas não são minimamente respeitados. Salários irrisórios, semi escravidão e assédio sexual são alguns dos fantasmas que assobram milhões trabalhores da indústria ligada à moda, globalmente.

Quem se interessa pelo assunto não pode deixar de ler “Eco Chic -O guia de moda ética para a consumidora consciente”, de Matilda Lee. Lá, a autora cita dados assustadores, e explica, por exemplo, que nas Zonas de Processamento de Exportação (parques industriais que oferecem férias de impostos, isenção de taxas e redução de subsídios), os trabalhadores (90% mulheres) não tem benefícios ou sindicatos. Em 2005, essas ZPEs já empregavam mais de 50 milhões de pessoas.

E ainda: “De acordo com estimativas da Oxfam (Oxford Committee for Famine Relief –Comitê de Oxford de Combate à Fome), menos da metade das mulheres que trabalham nas indústrias de tecido e de roupas para exportação de Bangladesh é contratada. A maioria não tem plano de saúde ou licença maternidade, trabalha em média 80 horas extras por mês e recebe apaenas de 60 a 80% dos seus ganhos –o restante é retido pelos donos das fábricas a título de aluguel, água e comida…”

Existem muitos outros casos mas, a grosso modo, o que acontece é que as grandes redes pressionam os fornecedores a fabricar grandes quantidades de itens, rápido e barato, e essa pressão é repassada para os funcionários. É verdade que muitas redes procuram fazer auditorias sociais nas fábricas de seus fornecedores, mas as pesquisas indicam que isso não é suficiente para mudar a realidade.

Como se vê, ser eco friendly é MUITO MAIS do que fazer uma coleçãozinha roupas coloridas, com tecidos amigáveis e preços camaradas. Mais do que nunca, vale a máxima: Quem não te conhece que te compre!

(via CajonDeSastre)

UPDATE: No dia 18 de março, três dias depois da publicação deste post, a imprensa noticiou a autuação de uma oficina de costura (prestadora de serviço ligada às lojas Marisa) por utilizar mão-de-obra escrava de imigrantes ilegais. Leia a matéria completa no site Brasil de Fato.

opening ceremony – non plus one

Fazer filmes de moda, ao invés de catálogos, é algo que está se tornando cada vez mais frequente, graças à qualidade de imagem das novas câmeras e ao crescente acesso do público consumidor à internet banda larga.

A Opening Ceremony, por exemplo, acaba de apresentar a coleção de primavera-verão 2010 num vídeo dirigido por Gia Coppola (ela é neta do Francis Ford, e sobrinha da Sophia) e Tracy Antonopoulos. O casting, nada básico, é  composto por Kirsten Dunst e Jason Schwartzman (que também é da família e assina a boa música do curta, com sua banda Coconut Records). Achei bem fofo!

non plus one final from Tracy ANTONOPOULOS on Vimeo.

(via Saia na Rua)

vida de stylist

Qualquer um que queira trabalhar em revista tem que assistir ao filme The September Issue. A realidade do trabalho de stylist está toda ali, sem maquiagem, com direito espinhos e alfinetadas no percurso.

Eu revi o filme outro dia, na tv, e adoro a cena em que Grace Coddington relembra  o que o fotógrafo Norman Parkinson lhe disse, quando ainda era modelo: “você nunca deve fechar os seus olhos, nem por um segundo, porque a inspiração pode estar em qualquer lugar”.

Logo depois, vemos Grace perambular pelos corredores da revista, resmungando por ter que refazer uma das matérias da edição. Ela se vira para o câmera man, que a segue o tempo todo e, misteriosamente, diz: “já sei qual a solução para esse editorial  e ela envolve você!”. Logo descobrimos que a modelo Caroline Trentini irá dividir as páginas da famosa edição de setembro com o sujeito.

Genial! Essa é a magia, o que faz tudo valer a pena: encontrar uma solução criativa, contar uma história, tornar real aquela imagem de moda que existia apenas na sua cabeça.

UPDATE: Minha amiga Patricia Veltri deixou um comentário sobre outra questão importante envolvendo este editorial. Depois da matéria pronta, Anna Wintour aprova o resultado, mas comenta que o câmera precisa emagrecer, perder a barriguinha no photoshop. Ao saber disso, Grace Coddington telefona para a pessoa que está fazendo o tratamento da imagem e pede, expressamente, que a silhueta do moço permaneça inalterada, sem retoques.

“Já existe muita perfeição nas modelos. O camera man pode ter um corpo normal. As pessoas são assim, nem todo mundo é perfeito”, ela diz.

Grace, você é demais! Depois de ver esse filme, minha admiração, que já era grande, só aumentou!

as criaturas dos criadores

Já viu o novo ensaio de  moda da ONSPEED, com looks dos estilistas da Casa de Criadores? As fotos são de Paschoal Rodriguez e o styling de Rodolfo Ruben. Vai lá! Tem Rober Dognani, João Pimenta, Gêmeas, Diva…

NOVO – Expressão de Moda

Nesta sexta-feira, irei participar do projeto NOVO – Expressão de Moda, criado pelas designers Carolina Semiatzh e Teca Pasqua.

Segundo o press release, a ideia é “agregar valor às criações de novos artistas e abrir espaço para diferentes formas de expressão da moda. Serão expostos trabalhos fotográficos, vídeos, performances, ilustrações, roupas e acessórios. Todas as obras passaram pela curadoria do artista Maurício Ianês e do estilista Ronaldo Fraga”. Em paralelo, acontecem palestras e debates (a entrada é gratuita) com o intuito de provocar reflexões sobre a moda contemporânea.

A exposição vai de 12 a 24 de março, de segunda a sábado, das 10 às 18 horas (para saber tudo sobre as obras e artistas, acesse a página do evento no Facebook). As palestras rolam nos dias 12 e 13, das 17 às 19:30hs (veja mais detalhes a seguir).

Dia 12, sexta-feira

(17h – 18h)
Palestra:  “Distribuindo Cultura Brasileira”, por Rose Andrade
Na  palestra,  a  convidada  apresenta  suas  fontes  de  pesquisa  e  o processo  criativo  para  a elaboração do caderno de tendências “+B”, da ABEST, destinado a divulgar a imagem do pais no exterior.

(18:30h – 19:30h)
Debate: “Pronto‐para‐vender”, por Ricardo Oliveiros (Mediador), Biti Averbach, Vitor Angelo, Viviane Pedroso (ZARA), Luís Carlos Lhacer (fotógrafo) eCaito Maia (Chilli Beans)
Uma  abordagem  sobre  a  resistência  do  expectador  à  criação  de  veia  mais  autoral  e  menos  comercial.  Porque  o  “pronto‐para‐vestir”  se  tornou  também  pronto  para  pensar  e  digerir?  Qual  o  papel  da  crítica  e  da  cultura  de  moda  no  processo  de  aceitação  do  trabalho  popularmente  conhecido  como  “conceitual”?  Qual  a  razão  da  diminuição  do espaço experimental em favor da venda?

Dia 13, sábado

(18:30h – 19:30h)
Debate : “Transitando por questões: o paradoxo das novas gerações”, por Kathia Castilho (Mediadora), Rosane Preciosa e Marion Velasko
Discussão  sobre  a  relação  simbiótica  entre  “identidade  da  nova  geração” e  “identidade de moda”. Como essa relação consolida ‐ ou não ‐  a democratização da cultura de moda  no  Brasil?  Como  essa  nova  geração  encontra  e  identifica  seus  trânsitos  entre  o  conhecido  e  o  novo?  Como  se  portam  frente  a  questões  como  a  dissolução  de  barreiras  entre  diferentes  universos  criativos, a opressão da linguagem pelo produto e a mitificação de um estereótipo brasileiro?

Local: Espaço aeiou
Rua Fidalga, 548 Vila Madalena, São Paulo
Email: novo.expressão@gmail.com
Tel. (11) 7901-0610 e 7901-0611
Blog: http://novodonovo.wordpress.com/

Passa lá, acho que vai ser bem legal!