sete léguas

Nesta quinta-feira cinzenta e chuvosa, a marca norte-americana Chooka, que fabrica as galochas mais estilosas do planeta, faz seu lançamento oficial no Brasil. Não poderia haver dia mais propício! Se de baixo de sol já dá vontade de sair por aí com uma galocha colorida (e são taaantas as cores e padronagens que chega a dar vertigem), num dia como o de hoje parece questão de sobrevivência fashion-pluviométrica!

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Pequena confissão: quando eu era criança, com uns 4 ou 5 anos de idade, meu sonho de consumo era uma galocha de borracha vermelha! Nunca cheguei a ter uma, acho que não existia uma numeração tão pequena, ou meus pais não aprovavam a escolha, não sei… O que é certo é que hoje eu resolvo essa pendência! rsrsrs

Os preços giram em torno de R$ 280 e o endereço é rua Girassol, 170, tel. (11) 3813-9188, Vila Madalena. Vai lá!

pulp fiction

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O ano é 1929. Sentindo-se caluniada por uma notícia de jornal, uma bela mulher entra na redação e atira à queima-roupa em um desconhecido. Roberto, o jornalista em questão, morre agonizando nos braços do seu irmão mais novo, Nelson Rodrigues. Sete décadas depois, essa tragédia dispara um outro tipo de gatilho: a imaginação de uma jovem escritora.

Cristiane Lisbôa se apropria da história e a reconstrói como uma novela de costumes  cheia de elementos rodrigueanos: escândalos, mentiras, incesto. Maneja bem as palavras, inventa uma nova Sylvia, injeta no texto frases memoráveis:

“A verdade é uma velha que usa xale negro. Esconde o que quer, por ter certeza absoluta que não pode ser contestada.”

“À partir de hoje, defendo que todos os bons escritores devam ter assassinado alguém a sangue-frio.”

O lançamento de “Sylvia não sabe dançar” acontece amanhã, às 19 horas, na Livraria da Vila do Jardins.

Não deixe de acessar o site do livro, que usa cenas de época para criar uma espécie de trailler!

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Segundo a “orelha” do livro, a autora de 25 anos “gosta sobremaneira da palavra ‘pirilampo’. Já publicou os livros “Pequenos pedaços soltos de histórias de amor às vêzes verdadeiras”, “Deles e quase o resto” e “Papel Manteiga para embrulhar segredos”. Quase todos os seus sapatos são vermelhos e, quando mente, é no www.cristianelisboa.zip.net.”

biblioteca

Já comprou a nova edição da revista dObras? A publicação quadrimensal, “de moda mas não só, acadêmica mas nem tanto” é leitura obrigatória para quem quer entender de moda, mercado e cultura.

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Neste número 2, você encontra:

* Uma matéria de Gilda Chataigner sobre José Ronaldo, um estilista carioca que fez muito sucesso nos anos 50 e 60.

* Um artigo de Maria Claudia Bonadio que responde à pergunta “Por que ler Roland Barthes?”, e seu hermético “Sistema da Moda”, publicado em 1967.

* A história de um acessório quase extinto: as jarreteiras, por João Braga.

* As conexões entre Moda e Arte, discutidas inicialmente no evento ziguezague, que continuam a repercutir no texto de Cristiane Mesquita.

* Os desencontros entre moda e mercado, tema do artigo de Tarcísio D’Almeida.

* A moda a caminho da sutentabilidade e sua ligação com a filosofia, são assuntos abordados respectivamente por Suzana Barreto Martins e Rosane Preciosa.

Paro por aqui, mas tem muitas outras coisas interessantes para ler e descobrir nessa edição. 

Fashionistas, dirijam-se às boas livrarias do ramo! E se tiverem alguma dificuldade em encontrar, ou quiserem fazer uma assinatura: vendas@estacaoletras.com.br

consuma com moderação!

Como os últimos posts foram beeem sérios, resolvi desanuviar o ambiente com uma novidade fresquinha: o novo disco do B-52’s, chamado Funplex, primeiro lançamento do grupo em 16 anos!

E a faixa título, que vocês vão ver no clipe abaixo, faz uma crítica ótima ao consumismo desenfreado. Mais um motivo para postá-lo aqui! Divirta-se sem moderação!

[Via rraurl, onde tem mais informações sobre o disco. Passa lá!]

o que se lê por aí?

Neste final de semana conversei com um amigo (não é o caso de citar nomes) que trabalha numa das marcas que estavam em negociação com a holding I’M (Identidade Moda). Comentei com ele sobre o meu post (abaixo) que fala da pouca reverberação que o assunto teve na mídia especializada. E ele me disse uma coisa muito significativa sobre isso: que a maior parte dos compradores de lojas multi-marcas, clientes da grife, só tomou conhecimento do problema depois da publicação da matéria do Alcino, e de uma nota na coluna da Monica Bergamo, ambos na Folha de São Paulo. Uma matéria publicada no caderno de economia do Estadão, muito mais contundente (leia aqui), segundo meu interlocutor não teve o mesmo feedback.

Ou seja, dá a nítida impressão de que os lojistas do ramo da moda não tem o hábito de ler os cadernos de negócios dos jornais. Isso é tão sintomático do nível de amadorismo do mercado que nem preciso dizer mais nada.

Agora é esperar que todo esse imbroglio resulte em algum amadurecimento.  

promessas vazias

No início deste mês conversei com meu amigo Marco Sabino (designer de acessórios, autor do Dicionário da Moda e do site que leva seu nome) e ele estava indignado com a notícia de que o grupo I’M, Identidade Moda, tido como o novo mecenato da moda brasileira, estaria em sérias dificuldades financeiras e não teria concretizado os contratos de compra –anunciados com estardalhaço pela imprensa nacional– das marcas Cumplice, Alexandre Herchcovitch e Fause Haten.

No dia 11 de março, Marco Sabino expressou essa indignação no próprio site. Segue o texto, intitulado: E O IMBROGLIO FASHION NACIONAL?

“As notícias chegam a conta-gotas. Gloria Kalil assinou um editorial dando uma pincelada no assunto e a Raquel Marangoni do Fashion Prime escreveu uma matéria com dados fornecidos pela agência O Estado.
Mas, afinal, o que é isso? Uma brincadeira? Na minha opinião, está acontecendo uma grande falta de respeito tanto com a mídia quanto com os leitores.
Falta de respeito com a mídia que, ingenuamente, mas avidamente, deu capas, matérias, notas, artigos, fotos e muitas e muitas laudas para a nova era da moda brasileira.
Falta de respeito com os leitores e interessados nos assuntos do setor que costumam acreditar tanto nas marcas envolvidas quanto nas informações contidas nas páginas da imprensa. Não só nas de moda como nas de economia e finanças. Quantas vezes você leu sobre o novo chefão da moda brasileira? Quantas vezes você leu a declaração de alguns estilistas dizendo que tiveram de fazer um grande exercício de desapego material para vender suas marcas? Como a era fashion tupiniquim, à la PPR e LVMH, segundo informações colhidas até o momento, parecem não passar de um engodo? Na minha opinião, nenhum dos envolvidos está livre desse imbroglio fashion. Ninguém pode ser tão ingênuo assim. As marcas que aceitaram se promover e permitiram a divulgação das matérias são cúmplices e reféns dessas ainda nebulosas mentiras.
E como ninguém assinou nada?
Como as pessoas têm a cara de pau de dar entrevistas reais sobre situações que ainda não haviam acontecido?

Isso é profissionalização?
Vamos esperar para ver no que vai dar, mas eu acho tudo isso uma vergonha!”
Por Marco Sabino

Hoje, na coluna Última Moda, de Alcino Leite Neto, na Folha de SP, veio a confirmação de que Alexandre Herchcovitch deve retomar o controle sobre suas duas marcas (pret-à-porter e jeans) devido ao não pagamento do valor combinado.

Segundo a matéria: “Em março a Cumplice negou ter completado o negócio com a HLDC. Fause Haten teria sido o único que de fato assinou o contrato de venda de sua grife, mas também estaria tendo problemas no cumprimento do contrato.”

O que mais chama a atenção, nesta história absurda, é não só a leviandade destes “homens de negócios”, como a indiferença da mídia diante disso. Estou com o Marco Sabino, acho tudo isso uma vergonha! Vamos fazer de conta que não aconteceu nada? Vamos varrer pra debaixo do tapete?

a seus pés

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[fotos: Dan Tobin Smith/Another Magazine]

Falei das charmosas bolsas da Glorinha Paranaguá no post anterior (logo abaixo), mas já existem sinais de que a obsessão feminina por bolsas começa a dar lugar ao fetiche por sapatos.

Como sempre, Miuccia Prada parece exercer uma forte influência no mercado e na mídia: os sapatos extravagantes da sua última coleção, com formas art-nouveau, já podem ser avistados nas ruas, mundo afora. E nas revistas também: a edição mais recente da revista Another Magazine, por exemplo, dedica 6 páginas (fotos acima) à “beleza nada ortodoxa dos sapatos da Prada”.

Ao mesmo tempo, começam a pipocar por aí muitos outros sapatos vistosos, com plataformas, estampas, grafismos e pedrarias; além de detalhes insólitos nos saltos. 

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[fotos: Bill Cunningham]

De acordo com a reportagem “On the Street, Stepping Out”, do fotógrafo do jornal NY Times, Bill Cunningham, cada vez mais mulheres estão calçando modelos exóticos. Dá uma conferida neste vídeo publicado no site do jornal.

o melhor amigo

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Glorinha Paranaguá é conhecida no Rio de Janeiro por ser uma senhora de gosto impecável, depurado pelo tempo em que viveu em inúmeros países –como Marrocos, Espanha, França, Venezuela e Kuwait– ao lado do marido, o embaixador Paulo Henrique Paranaguá.

Ela também é notória pelo fato de criar acessórios –principalmente bolsas– chiques, originais e bem acabados, feitos de materiais como seda, couro, palha, madeira, bambu e chifre. Sua primeira loja foi aberta na década de 1990, em Ipanema, e atualmente suas bolsas podem ser encontradas em várias cidades do mundo: Nova York, Londres, Monte Carlo…

A novidade é que, nesta estação, Glorinha faz uma parceria  com o artista plástico Ângelo de Aquino. O pintor carioca, famoso pelas obras que mostram o personagem Rex, empresta a imagem do vira-lata para figurar em estampas coloridas e bem-humoradas, desenvolvidas pela neta da estilista, Yasmine Paranaguá.

Nada como juntar a imagem do melhor amigo do homem ao acessório favorito  das mulheres! 

patchwork

A nova edição da U_MAG já está no ar!

Para quem não conhece, a U_MAG é uma revista virtual composta só por colagens. Ela é editada pelo ‘romeuuu’, um estudante de publicidade de 19 anos, que mora em Itajaí (SC) mas tem o olhar voltado para o mundo todo.

A revista é como um patchwork de referências que são sampleadas e retrabalhadas, ganhando novos significados. Nesta edição, entre as inúmeras imagens icônicas da cultura street fashion –em que figuram jovens e hypes–, saltam aos olhos as fotos de um casal  idoso em cenas de nudez amorosa, da fotógrafa holandesa Marrie Bot.

Nesses tempos de extrema sexualização e culto à juventude acima de todas as coisas, o vislumbre do sexo na terceira idade carrega um frescor e uma ousadia inesperados.

PS- Deborah de Paula Souza, uma amiga com visão ampla sobre o mundo humano, levantou uma questão importante, num comentário anexo. Como nem todo mundo tem o hábito de ler os comentários, e o que ela diz vai ao cerne da questão da vaidade, decidi publicar aqui: “Fui ver os velhos nus e fiquei esquisita: comovida, pensando em todos os meus preconceitos estéticos. Mas, mais que isso, no medo da velhice e da morte (que devem estar na base de todos os preconceitos estéticos que fazem o elogio da juventude e da beleza, apenas pelo pavor do resto…).”

 Clique na foto para acessar!

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