o perfume da violência

Só podia ser um projeto do SHOWstudio – mais do que um site, o SHOWstudio é uma arrojadíssima plataforma de mídia interativa, do fotógrafo inglês Nick Knight – criar uma fragrância baseada na química da violência e documentar todo esse processo na internet.

Para realizar a tarefa, Knight se uniu à perfumista norueguesa Sissel Tolaas cujo trabalho envolve pesquisas bem pouco convencionais. “Dois anos atrás, quando a conheci (…) ela já tinha trabalhado na criação de um aroma baseado no medo dos homens que inesperadamente provou ser afrodisíaco para algumas mulheres”, conta.

Como a ideia, agora, é isolar o odor da violência, a perfumista precisa coletar o suor de homens em situações de combate, quando o corpo excreta uma série de substâncias químicas. A última atualização do blog do SHOWstudio, feita no dia 03 de abril, mostra um vídeo com trechos de lutas de boxe do Ultimate Challenge UK . Posteriormente, no vestiário, vê-se uma pessoa da equipe secando o suor dos pugilistas com toalhas que são embaladas para serem enviadas para Sissel Tolaas.

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A testosterona e os skinheads, foto de Nick Knight

Vale a pena ler o texto de Nick Knight sobre o conceito do projeto. Lá, ele conta como tudo começou (e a história remete ao seu início de carreira, quando fotografava skinheads),  que todo o processo será divulgado no site com transparência, uma vez que eventuais falhas fazem parte do processo, e se diz ciente das questões morais que o tema desperta, optando por não se desviar dele e sim, encará-lo de frente. É isso aí Nick, respira fundo e vai! Estamos curiosíssimos para sentir o verdadeiro odor da violência.

O jornal The Independant publicou uma matéria bem interessante, intitulada “Skinhead violence to fish markets – radical perfumiers are founding inspiration in the oddest places”, em que Bethan Cole fala sobre o projeto de “Violence” e de outros perfumes radicalmente inovadores.

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Em oposição aos aromas florais, Rei Kawakubo criou um odor abstrato

Vale lembrar que o precursor deles, lançado em 1998, foi Odeur 53 da Comme des Garçons, um aroma totalmente sintético criado à partir de conceitos abstratos como o frescor do oxigênio, pedras em brasa e dunas de areia, entre outras esquisitices.

Dez anos se passaram até algo realmente novo surgisse no reino da perfumaria. Em outubro de 2008, apareceu “Wode”, o perfume da marca Boudicca que inclui em sua composição notas de ópio e cicuta (planta cujo veneno é letal) . Além desses ingredientes que remetem à transgressão, ao ilícito e ao perigo,”Wode” ainda tem o mérito de ser o primeiro aroma colorido do mercado. Ele contém um pigmento azul cobalto que tinge a pele quando borrifado, mas desaparece alguns segundos depois, sem deixar traço.

“A tinta dissolve através de combinações químicas – é a mágica da ciência”, dizem os designers da Boudicca, Brian Lirby e Zoe Broach, em entrevista para o Independent. As marcas de tinta carregariam também associações simbólicas com valores como “bravura, coragem, status, fertilidade e heroísmo”, completam.

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Wode, da Boudicca, aroma e cor radicais. Foto: Justin Smith/ Image Source

O fato é que iniciativas inovadoras, como as de Nick Knight, Comme des Garçon e Boudicca e  são raras e o texto de Cole é claro quanto ao motivo: “ as marcas de moda que dominam a perfumaria geralmente são os monolitos corporativos”.

Como excessão à regra ele cita o projeto Six Scents da Seven New York (loja multimarcas que vende marcas como Cassette Playa, Gareth Pugh e Bruno Pieters) que “sob a curadoria de Joseph Quartana, possibilitou que nomes cults como Gareth Pugh, Bernhard Wilhelm, Preen e Alexandre Herchcovitch colaborassem com ‘narizes’ inovadores para criar seus próprios perfumes”. O resultado, seis frascos com aromas desenvolvidos por estilistas e perfumistas de vanguarda foi comercializado em pontos de venda selecionados da Europa, EUA, Asia e Austrália, com parte da renda revertida para a fundação Designers Against AIDS (DAA).

a distância do amor

Não costumo falar sobre campanhas de publicidade aqui, a não ser que sejam focadas em moda e tenham algum grande diferencial, como aquele anúncio do perfume masculino do Tom Ford, em que havia um… errrr… posicionamento de produto pouco usual.

Mas hoje eu  fiquei com lágrimas nos olhos ao assistir ao vídeo “Love Distance” que fala sobre a campanha de uma marca camisinhas japonesa, a Sagami Original. Vale a pena ver, clique na imagem abaixo para ser redirecinado para o site do filme.

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Eu não sou expert em publicidade, nem nada, mas achei o conceito da campanha muito pertinente: a marca produz a camisinha mais fina do mundo, com apenas 0, 02 mm de espessura e o filme fala sobre a distância entre os amantes. Também achei genial terem criado sites separados para homens e mulheres, sendo que depois de se cadastrar em um, você não podia acessar o outro e, no final da campanha, os dois sites se fundiram em um só. E principalmente, toda a ção foi baseada numa história real, com um casal de verdade, capaz de emocionar qualquer um que já tenha amado à distancia.

olho vivo

Vale a pena ver o vídeo da Lookonline.com feito pela editora-chefe Marilyn Kirschner, que fala sobre as coleções de outono-inverno 2009 do hemisfério norte.

Para quem não entende bem inglês, vou dar uma resumidinha aqui. Ela começa falando algo que parece um pouco óbvio, mas que é bom lembrar: para a maioria dos seres humanos normais (o que exclui mulheres de milionários que gastam 25 mil dólares em roupas por semana) a função dos desfiles é servir como uma inspiração, mais do que um guia prático de compras. Uma fonte de informação que cada um deve filtrar de acordo com sua própria visão e estilo.

Entre as novidades mostradas nas passarelas há sempre algo que vai definir a estação e que pode ser um acessório, uma combinação de cores, uma peça-chave, uma nova proporção, um clima ou uma idéia. A verdadeira sacada está em olhar com outros olhos, estar aberto para o novo.

Como o recente desfile (teatral e elogiadíssimo pela crítica) de Alexander McQueen, em que ele mostrou – sobre uma passarela de espelhos quebrados – versões recicladas de clássicos como o New Look de Christian Dior, os tweeds de Chanel, algumas ideias de Yves Saint Laurent e outras tantas próprias. Com essa encenação, ridicularizou o fast fashion, o consumismo e a eterna reinvenção de estilos e décadas. Além de mostrar algumas roupas sensacionais, é claro!

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Na passarela de McQueen, bocas de palhaço e roupas que parodiam épocas e estilos

E já que o estilista foi revirar o baú em busca de idéias, Kirschner sugere que façamos o mesmo: que sacudamos a poeira daquele um blazer com ombreiras pontudas dos anos 80. E que assaltemos o guarda-roupa do namorado, marido ou pai, em busca outra peça importante: o “camel coat”, ou mantô de lã camelo. Ele apareceu nos desfiles de Donna Karan, Dries Van Noten e Derek Lam, em versões desestruturadas e oversize.

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À esq., camel coat de Dries Van Noten, à dir., Donna Karan

Quanto a cores, a editora sugere observarmos a sofisticada mistura de tons de Dries Van Noten. ou, algo mais simples, o mix de pink com preto de Marc Jacobs, que pode ser usado em pequenas porções: uma fita amarrada no lugar do cinto, um acessório, ou até mesmo um batom rosa. E uma vez que o preto é uma cor onipresente, outra opção é incluir toques de vermelho, como fez Yohji Yamamoto.

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Acima, looks de Dries Van Noten, um colorista de mão cheia

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Aqui, o rubro-negro de Yohji Yamamoto e o rosa chiclete de Jacobs

E o grande destaque, em termos de renovação de conceitos, fica mesmo com Rei Kawakubo, da Comme des Garçons. Kirschner avalia que a estilista japonesa, apesar de fazer uma moda nada comercial, fornece grande inspiração com suas sobreposições. Não é preciso ser literal, basta pinçar  algumas ideias da passarela: amarrar um xale na cintura, por cima de leggins, colocar um vestido de trás para a frente, ou sobrepor uma parka militar a um vestido de festa.

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Proporções e sobreposições para poucos e bons entendedores

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Simples e interessante esta “ação de guerrilha” que aconteceu no centro comercial Forrest Chase, na Austrália: as roupas fazem um uma espécie de balé, flutuando ao redor das pessoas que passam pelo local.

(via Comunicadores)

Belas e feras

Achei inspirador esse ensaio fotográfico “Betes de Mode”, criado por Thomas Couderc e Clement Vauchez do escritório de criação gráfica HELMO, para as vitrines da Galeries Lafayette, tempos atrás.

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Confira a ficha técnica:
Betes de Mode: trabalho realizado com Thomas Dimetto / fotos dos animais, Christophe Urbain / fotos das pessoas, Laurent Croisier / styling, Romain Vallos / direção de criação, Anne Claire Boulard e Tulip Santene

Mais recentemente, a dupla criou a instalação “Hunting Colors” para a loja de Issey Miyake. Aproveitando que a grife desenvolveu a coleção de primavera-verão 2009 à partir de 8 cores encontradas na floresta amazônica, a HELMO propôs uma série de serigrafias, nos mesmo tons da coleção, em que figuram insetos brilhantes atraídos pela luz de uma lâmpada.

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Créditos:
Hunting Colors: instalação realizada por Ivann Legall e Laurent Livet / Serigrafias realizadas por  Stephane Bamy

I PIX, YOU PIX, WE PIX

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A revista PIX me convidou para participar de um evento bem bacana que pretende levar pro “mundo real” um pouco do que rola no “virtual”. Batizado de  YOUPIX , o encontro começa hoje e vai até quarta-feira, com muitas atrações, lá no Espaço Gafanhoto (na avenida Rebouças 3181, pertinho da Faria Lima).

Eu vou estar lá amanhã (terça-feira, dia 10, às 17:30hs) produzindo um editorial de moda ao vivo! Acho que vai ser bem legal! O tema, meio misterioso, meio sugestivo, é ALIEN-DOMINATRIX-RETRO. Pronto, falei! Só pra atiçar a curiosidade de vocês!

Além de mim, o Glauco Sabino, do blog Descolex, vai fazer uma matéria de moda masculina.

Apareçam por lá!

origami sonoro

Recentemente, a banda Fleet Foxes lançou um novo vídeo, “Mykonos”, dirigido por Sean Pecknold (irmão do vocalista Robin Pecknold). Feito em stop motion, utilizando apenas formas geométricas recortadas em papel, o filme me lembrou a coleçãoda Maria Bonita apresentada no último SPFW, agora em janeiro.

Mykonos from Grandchildren on Vimeo.

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Dance comigo

Sensacional esse  flash mob promovido pela T-Mobile: em plena  estação de metrô de Liverpool, em Londres, 400 bailarinos começam a dançar, ocupando toda a estação. O tema da campanha é “life’s for sharing” (a vida é para ser compartilhada). Contagiante!

blog novo no pedaço

A editora de moda Flavia Lafer -para quem não conhece, uma profissional com sólida carreira na publicidade, e contribuições para revistas como Vogue Brasil, Quem e Criativa- agora tem um blog.

Criado em dezembro de 2008, o blog tem posts bem legais como o que fala sobre as jóias minimalistas do estilista Martin Margiela; os tricôs do brasileiro radicado em Londres, Lucas Nascimento; a bolsinha com forma de matryoshka da Chanel, usada por Lily Allen. Ou a marca COS – que anda fazendo sucesso na Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca- e pertence ao mesmo grupo que a H&M.

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Peças minimalistas da COS, por enquanto, só em alguns países da Europa.