Banzos de Natal

Na coluna Tesouros Sem Frescura desta quinta-feira, Liliane Oraggio descasca o abacaxi natalino. Não para incrementar uma receita de tender, mas para recolocar a ansiedade e a depressão, que muita gente sente nesta época do ano, no seu devido lugar. Fala, Lili!

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“Olha só a minha boneca!”

Fuçando no bau encontrei essa foto. Era 1970. Eu tinha sete anos e estava passeando num shopping em Miami, onde moravam meus avós. “Vai lá no colo do Papai Noel! Vai, Vai”. Eu não queria, já tinha tido experiências assustadoras com outros Bons Velhinhos em, no mínimo, quatro outras festas de Natal de que tinha lembrança. Ficava apavorada com o tamanho da criatura que surgia do nada, quando a festa estava bem boa. Eu abria o berreiro, sem dó. Agora essa: mesmo tão longe de casa, na delícia das minhas ferias, tinha pela frente aquele ser enorme e rubro pronto para me aconchegar. Argh! Mas, na época ainda não era desobediente. Fui. Se fecho os olhos ainda sinto o cheiro de colônia, a temperatura quase febril do homem que sorria metido no escafandro de lã vermelha, gordo legítimo, escondido pela barba 100% náilon. Para selar nosso estranhamento, ele queria que eu fizesse meus pedidos em inglês! O jeito foi sorrir para a câmera e cair fora da armadilha. Mas, a cena ficou presa na foto que os avós adoraram e mostraram para todos os vizinhos cubanos. “Olha só a minha boneca!”  Nesse dezembro de quase doismiledez,  a imagem salta da caixa e faço as contas… quase tudo mudou, mas ainda vivo às turras com Noel, resistindo ao seu colo convencional, ao aperto que provoca tudo que é estrangeiro em mim.

Banzos de Natal

Se você ama Natal nem leia este post que foi criado especialmente para aqueles que detestam as festas. Não é à toa que nessa época muita gente é capturada por uma espécie de tristeza grossa que, somada ao estresse, ao trânsito carregado e a vontade de se superar, acende o “abominável homem das neves” que existe em cada um de nós. Além dos shoppings, os consultórios de terapeutas ficam cheios de gente angustiada com o balanço do ano, com o trabalho sem fim, com a sensação de fracasso, de impotência e demais chorumelas. Claro, todas as queixas são legítimas, a questão pode ter raízes profundas e cabeludas na infância, mas dá para evitar tanto desconforto.

Nessa entrevista, a psicóloga Vera Couto fala dos principais antídotos contra os banzos de final de ano! E sem querer ser Poliana: a melhor coisa deste Natal é que é o dia mais longe do Natal do ano que vem. Já pensou nisso?

Liliane Oraggio – Por que essa época mexe tanto com a gente?
Vera Couto – Nesta época do ano há um acúmulo de “avaliações” internas e externas do que foi vivido. As pessoas podem passar por profundos estados de angústia e por uma constante sensação de desajustamento.

L. O. – Quais são os sentimentos que afloram nessa época?
V.C. – Os sentimentos mais comuns são tristeza, melancolia, frustração, que, normalmente, não costumam ser muito aceitos em nossa cultura extrovertida e nessa época do ano a extroversão é esperada, estimulada e quase exigida das pessoas. Isso pode provocar a sensação de “não pertencer” a este mundo. Tenho ouvido as pessoas dizerem que gostariam de estar numa casinha na montanha, em contato com a natureza, e não nos shoppings fazendo compras. Esta necessidade de recolhimento é legítima e não há nada de errado com isso. O contato com o sagrado exige recolhimento.

L.O. – Como lidar com o banzo natalino e escapar de armadilhas que nos arremessam para o ressentimento e a culpa?
V.C. – Uma das formas de não cair na armadilha é não ficar tão preocupada ou culpada por não estar conseguindo “dançar esta música”. É não exigir de si uma “euforia” que não se sente. Acolher seu estado anímico e legitimá-lo é um passo importante. Não há a menor necessidade de fugir ou culpar-se por não estar TÃO animada ou com o espírito tão consumista, por exemplo. Estes estados de recolhimento podem servir para resignificar essas datas sagradas que já tiveram, historicamente, outras funções em nossa vida social, psíquica e espiritual.

L.O. – É possível ter um Feliz Natal?
V.C – Esta máxima contém a armadilha do Feliz. Desde que essa celebração tenha um significado próprio, especial para cada um, podemos sim celebrá-la com um colorido especial, na medida das possibilidades e circunstâncias deste momento de vida. Não estaríamos, assim, verdadeiramente, celebrando algo novo que está nascendo?

Vera Couto é psicóloga e psicoterapeuta, com especialização em psicologia clínica na abordagem junguiana e psicologia educacional. Pesquisadora de mitologia grega e coordenadora de grupos de estudos há 20 anos.
Contato: veracouto@uol.com.br

Por Liliane Oraggio

beleza primitiva

O maquiador e cabeleireiro Raul Mello, que assinou a beleza do primeiro ensaio de moda publicado aqui, é a atração da Galeria do Portal da Maquiagem, esta semana. Confira os looks conceituais e primitivistas criados por este profissional talentoso e dedicado.

Foto: Rogério Cavalcanti
Foto: Rogério Cavalcanti

ilha do tesouro

Mais conhecidas pelo trabalho como pesquisadoras de moda, Cristiane Mesquita e Thais Graciotti acabam de zarpar rumo a uma nova aventura: a criação de uma marca chamada ILHA.

Por definição, uma ilha é um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. No caso das mentes criativas dessa dupla, a ILHA é a rota de fuga do lugar comum, um espaço em que as coisas mais simples do cotidiano se transformam em objetos de desejo.

Carimbos viram acessórios temporários, sobre a pele. Pregadores de roupa espalham palavras ao sol. Espelhos refletem a esperança de um porto seguro. Camisetas mapeiam frases estratégicas. Bloquinhos de papel são pequenas bússolas para nosso dia-a-dia. Embarque nesta viagem! Para saber onde encontrar este pequenos tesouros, sofisticados em termos de ideias, mas acessíveis para o bolso, clique aqui.

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Isabela Capeto com descontão!

Poucas coisas são melhores do que comprar roupas bacanas com desconto, né! Se forem peças de um estilista que você gosta e o desconto for de até 80%, então… é uma doce perdição! hehehe

As fãs da grife de Isabela Capeto, por exemplo, vão pirar com as peças que desembarcam no Espaço Off, neste sábado, 12 de dezembro. Elas fazem parte da coleção com inspiração mexicana, recheada de referências a Frida Khalo, azulejos típicos e, claro, trabalhos manuais.

São muitos vestidos, com cortes amplos, cores fortes e babados, enfeitados com aplicações de miçangas, paetês de metal e moedas. Os tecidos variam entre seda pura, tricoline, piquet e tule; e os comprimentos vão do míni ao longo. Se joga lá!

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México. Este poderia ser o destino de uma viagem ou a origem da comida de um restaurante. Poderia. Mas, a grife Carioca Isabela Capeto usou o país e toda a sua riqueza cultural como inspiração para a coleção “México” que acaba de aterrisar nos corners do Espaço Off no coração da maior rua de consumo de luxo da capital paulista.
As criações da grife podem ser encontradas com descontos de até 80% e, neste sábado, 12 de dezembro, o Espaço Off abre suas portas para que seus convidados possam comemorar e conhecer a nova marca que chega ao outlet, para começar o verão em grande estilo em uma gostosa tarde de sorvetes e compras.
Com formas amplas e cores bem fortes, as peças trazem referências mexicanas, desde ícones de artistas como Frida Khalo, os azulejos típicos e os trabalhos manuais. Vestidos soltinhos ganham vida com tons de turquesa, pink, amarelo, laranja e outros combinados com os babados, decotes e aplicações de miçangas, paetês de metal e moedas.
Mesmo com o toque artesanal, as criações são confeccionadas com tecidos nobres como a seda pura, tricoline mixadas com jeans, piquet e tule, que dão movimento e volume às modelagens que variam do míni ao longo.
Serviço:
Espaço Off
Rua Oscar Freire, 677 – Loja 03 – 2º andar
Tel. (11) 3062-7772
Horário de atendimento:  Seg. a Sex.: das 10h30 às 19h; Sáb.: das 10h30 às 18h30
Exemplos de preços:
Vestido Antonia – De: R$ 239,00 – Por: R$ 126,00
Vestido Marcia – De: R$ 281,00 – Por: R$ 155,00
Vestido Camila – De: R$ 645,00 – Por: R$ 205,00
Vestido Raquel – De: R$ 385,00 – Por: R$ 185,00
Vestido Angela – De: R$ 2.132,00 – Por: R$ 990,00
Vestido Graça – De: R$ 666,00 – Por:R$ 205,00

Espaço Off
Rua Oscar Freire, 677 – Loja 03 – 2º andar
Tel. (11) 3062-7772
Horário de atendimento:  Seg. a Sex.: das 10h30 às 19h; Sáb.: das 10h30 às 18h30

Exemplos de preços:
Vestido Antonia – De: R$ 239,00 – Por: R$ 126,00
Vestido Marcia – De: R$ 281,00 – Por: R$ 155,00
Vestido Camila – De: R$ 645,00 – Por: R$ 205,00
Vestido Raquel – De: R$ 385,00 – Por: R$ 185,00
Vestido Graça – De: R$ 666,00 – Por:R$ 205,00

Autoconhecimento no prato

Toda quinta-feira é dia da coluna Tesouros Sem Frescura, de Liliane Oraggio. E hoje, Lili  entrevista uma expert em sabor, saúde e boa prosa. Fala Lili!

Sonia Hirsch é autosustentável, autoditada, jornalista, escritora e está com mais um livro saindo do forno: “Amiga Cozinha – crônicas e receitas” (Ed. Correcotia). Esta é sua 16ª obra, com as ilustrações finíssimas de Celina Gusmão. Em todos os títulos, editados por ela mesma, o conhecimento sobre os temas da nutrição é transformado em textos suculentos, sempre sobre o prazer de comer bem e as receitas são fáceis e totalmente saudáveis. Um hit aqui em casa é o doce de banana, que leva a fruta e apenas uma pitada de sal! Isso mesmo, ela me ensinou que o sal puxa o açúcar da própria fruta e é capaz de produzir essa delícia totalmente inocente. Além disso, ela fez da cozinha uma grande e fiel companheira para todas as horas, antídoto sem contra indicações para todo o tipo de banzo, tédio, solidão e outros muitos males do corpo e da mente.

(Clique nas imagens para ampliá-las)

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No próximo fim de semana Sonia Hirsch, que mora na serra fluminense, estará em São Paulo dando autógrafos e falando sobre o conceito de Dieta & Liberdade, que relaciona a alimentação com o autoconhecimento. Olha só o que a gente conversou, especialmente para os Tesouros sem Frescura:

Liliane Oraggio – Nem todo o movimento europeu (que foi levemente rebatido por aqui) contra os fits esqueléticos refreou os distúrbios alimentares no planeta. Na sua opinião o que o exagero nas dietas diz sobre a liberdade das novas gerações? Fechar a boca tem gosto de transgressão nesse mundo em que tudo pode?
Sonia Hirsch – Uns fecham a boca, outros abrem: Cuba e Estados Unidos têm excesso de jovens obesos. Acho que alguns setores, como a moda, atraem pessoas que se identificam com a magreza, que farão qualquer coisa para continuar magras. Poderia ser uma atitude de transgressão, mas me soa mais como credencial para pertencer à turma.

L. O. – Como fazer a melhor escolha diante de tanta variedade de comida?
S. H. – A comida mais simples e mais próxima da sua aparência natural é sempre a mais garantida em termos de qualidade – está fresca, não recebeu processamento industrial nem veio da cozinha recauchutada. Gosto da fórmula de montar um prato colorido, mas com poucos elementos, quatro ou cinco. Os outros, por mais apetitosos que sejam, ficam para a próxima vez. Uma dica é evitar qualquer prato quente que tenha cremes ou queijo derretido, porque dificultam a digestão. Outra coisa fundamental é não tomar líquidos com a comida, a menos que seja vinho. Cerveja, refrigerante e suco vão tomar espaço, fermentar e atrapalhar os processos naturais do estômago. Também se fala muito em não misturar carboidratos (arroz, pão, massas, batatas) e proteínas (carnes, peixes, ovos). Ou seja, comer produtos animais acompanhados somente por vegetais, não por arroz e feijão. E vice-versa: não misturar produtos animais com arroz, massas e semelhantes. Acho legal praticar isso. Mas ‘um pouquinho de tudo, pou-qui-nho’, também é bom.

L. O. – O que a alimentação tem a ver com autoconhecimeto?
S. H. – O autoconhecimento é que vai dizer onde estão os limites de cada um. Há quem possa comer mais doces sem problemas, há quem não possa. Geralmente, esse tipo de consciência vem quando a pessoa começa a prestar mais atenção a si mesma e a fazer conexões entre o quê está sentindo e o quê comeu. Coisas que dão gases, por exemplo, podem deixar o humor execrável.

L.O. – Escolher melhor o que põe no prato pode influir na maneira de encarar a vida e na disposição geral? De que forma?
S. H. – Satisfazer os desejos é bom, alivia muito o peso de cada dia. Comer coisas gostosas é bom. Ao mesmo tempo, ter critérios claros e confiáveis é ótimo. O ideal está no meio do caminho entre dieta e liberdade. Sou livre para comer o que quiser, faço minhas escolhas e fico feliz.

Anote:
Dia 12 dezembro, sábado, 12hs
Palestra sobre Dieta & Liberdade
Livraria da Vila Itaim/Casa do Saber
Rua Dr. Mario Ferraz, 414
Tel. 11 3073.0513

Dia 13 dezembro, domingo, 10hs
Bate-papo e autógrafos em torno do livro Amiga Cozinha, de Sonia Hirsch
Na Feira Bacana
Rua Eça de Queiroz, 711 (Paraíso)
Tel. 11 5579.5975

blog: www.soniahirsch.com
livros: www.correcotia.com

Por: Liliane Oraggio

moment game

Já imaginou como é o trabalho de um fotógrafo especializado em esportes de ação, desses que cobre campeonatos de skate? Deve ser bem emocionante  acompanhar as manobras absurdas dos skatistas, com a adrenalina a mil, e reflexos muito rápidos.

A novidade é que agora qualquer um vai poder sentir o gostinho dessa experiência. Está para ser lançado o Moment Game, um game online baseado na experiência de Flavio Samelo, que há 17 anos clica o mundo do skate profissional.

Uma coisa que é bem legal, no Moment Game, é que ele é todo filmado, ao invés de ser em 3D. Ah, o Samelo conta tudo nesse vídeo aí! Eu adorei!

o twitter e a moda

A revista Vogue Italia de dezembro nem chegou às bancas brasileiras mas já está “causando” nos sites de moda e de notícias. Tudo porque o editorial principal, assinado por Steven Meisel, se baseia na estética do Twitpic – ferramenta que possibilita compartilhar fotos no Twitter.

No editorial, Meisel envia uma mensagem dizendo que pegou gripe suína e pede que as próprias modelos façam as fotos com as roupas que está mandando.

É uma boa sacada, antenada com o que está rolando no mundo real e virtual, agora que as redes sociais explodiram em popularidade. No passado, Meisel já explorou esse filão, com editoriais no estilo paparazzi, em que fotografava modelos às escondidas, como se fossem celebridades pegas em flagrantes.

O interessante, no editorial inspirado no Twitter, na minha opinião, é o que ele diz sobre  o desejo de privacidade versus a vontade de exposição midiática, neste momento da sociedade.  A imagem de Gisele Bundchen se fotografando no espelho do quarto, cobrindo a barriga de grávida, com a legenda ” Privacy is beautiful”, é icônica. Ao mesmo tempo em que protege o bebê, Gisele desnuda quase totalmente sua intimidade, num ambiente que pode ser seu real refúgio. Ou não.

Os famosos, afinal, não querem ser esquecidos pela mídia. O que acontecerá com eles se o olhos das câmeras se retirarem de seus quintais?

Além disso, o editorial evidencia o aspecto colaborativo das redes sociais, considerado, pelos estudiosos da comunicação, como a maior revolução desde a invenção da imprensa escrita. Se o fotógrafo não pode comparecer, as modelos tomam seu lugar e produzem as imagens. Todo mundo pode ser autor e produtor de conteúdo. Saber se este conteúdo tem relevância e qualidade, já são outros quinhentos…

O que deixou intrigada, nessa matéria,  foi tentar  descobrir quais das imagens veiculadas foram realmente feitas pelas próprias modelos e quais foram produzidas pela equipe da revista. Até que ponto Steven Meisel abriu mão do controle da criação?

Teve gente que classificou a matéria da Vogue como revolucionária. Eu não diria isso. Se ela tivesse sido feita inteiramente via celular, e postada no twitter, ao invés de existir em versão impressa, aí sim, seria uma revolução! Por enquanto, foi só uma boa sacada.

no pulso da urbe

Quinta-feira é dia da coluna “Tesouros sem Frescura” da Liliane Oraggio. E hoje ela fala sobre o novíssimo livro do artista plástico Jaime Prades. Conta tudo, Lili!

No Pulso da Urbe
Como um moleque, elétrico, todas as moléculas de Jaime Prades se organizam para interlocutar com a alma da cidade. E não é metáfora: usando vários suportes Jaime invade os espaços urbanos com intervenções arqueológicamente pós-modernas. Mesmo quem passa sem ver de fato, é capturado pelo arcaico futurista de suas figuras. Num átimo, as inscrições em paredes ou adesivos jogam os passantes do passado, para o futuro sem excluir o momento do passo, tudo muito delicado.
Em 252 páginas, A Arte de Jaime Prades (ed. Olhares) organiza os últimos trinta anos da intensa produção de Prades, espanhol radicado no Brasil. Integrante do grupo Tupinãodá, ele desvirginou os túneis da Paulista na década de 80, num exercício de clandestinidade cidadã com alta qualidade ética e estética. Hoje, ele coloca conhecimento e sensibilidade a serviço de uma rede de conexão imediata e permanente com a vida nos espaços coletivos.
Aqui, uma pequena entrevista com o Jaimito, jóia antiga do meu Tesouro e com teor zero de Frescura.
Liliane Oraggio – Seu ateliê é a rua?
Jaime Prades – A rua vai contaminando o ateliê, o ateliê vai contaminando a rua, e eu vou encontrando soluções em um espaço que trago para o outro. Eu vejo como uma espécie de respiração, um processo mútuo de inspirações.
L.O.-  De onde vem sua inspiração?
J.P. – Não sei! Só sei que vem. A palavra inspiração é em si vital. Ela indica o movimento da entrada do que está fora. Ao contrário da expiração que traz o que está dentro para fora. As imagens do que vemos no mundo, fora de nós, repercutem simbolicamente nas profundezas da mente, repleta de símbolos. Por sua vez, essa memória ancestral e coletiva de significados se manifesta no mundo e se materializa, por meio das artes, na realidade. Como artista, o que sinto é que sou um mensageiro que traz das profundezas da memória coletiva signos e símbolos para a realidade. Quando o artista povoa a realidade com símbolos, eles tornam-se realidade, e novamente repercutem internamente, carregados de sentido. Nessa respiração permanente, percebo mais a expiração do que inspiração.
L.O. – Qual é a graça da intervenção artística na cidade?
J.P. Fazer arte nas ruas é um esporte radical cheio de adrenalina. Também é um exercício de cidadania e de humanização do nosso espaço comum. As ruas são o retrato do que somos coletivamente. Elas mostram nosso estágio como comunidade. É o “consciente coletivo” exposto, é a caverna a luz do dia. O “Homo urbanus” nas suas mega cidades repletas de inscrições. No lugar de bisontes, extraterrestres.

No Pulso da Urbe

Como um moleque, elétrico, todas as moléculas de Jaime Prades se organizam para interlocutar com a alma da cidade. E não é metáfora: usando vários suportes Jaime invade os espaços urbanos com intervenções arqueológicamente pós-modernas. Mesmo quem passa sem ver de fato, é capturado pelo arcaico futurista de suas figuras. Num átimo, as inscrições em paredes ou adesivos jogam os passantes do passado, para o futuro sem excluir o momento do passo, tudo muito delicado.

Em 252 páginas, “A Arte de Jaime Prades” (ed. Olhares) organiza os últimos trinta anos da intensa produção de Prades, espanhol radicado no Brasil. Integrante do grupo Tupinãodá, ele desvirginou os túneis da Paulista na década de 80, num exercício de clandestinidade cidadã com alta qualidade ética e estética. Hoje, ele coloca conhecimento e sensibilidade a serviço de uma rede de conexão imediata e permanente com a vida nos espaços coletivos.

Aqui, uma pequena entrevista com o Jaimito, jóia antiga do meu Tesouro e com teor zero de Frescura.

Liliane Oraggio – Seu ateliê é a rua?
Jaime Prades – A rua vai contaminando o ateliê, o ateliê vai contaminando a rua, e eu vou encontrando soluções em um espaço que trago para o outro. Eu vejo como uma espécie de respiração, um processo mútuo de inspirações.

L.O.-  De onde vem sua inspiração?
J.P. – Não sei! Só sei que vem. A palavra inspiração é em si vital. Ela indica o movimento da entrada do que está fora. Ao contrário da expiração que traz o que está dentro para fora. As imagens do que vemos no mundo, fora de nós, repercutem simbolicamente nas profundezas da mente, repleta de símbolos. Por sua vez, essa memória ancestral e coletiva de significados se manifesta no mundo e se materializa, por meio das artes, na realidade. Como artista, o que sinto é que sou um mensageiro que traz das profundezas da memória coletiva signos e símbolos para a realidade. Quando o artista povoa a realidade com símbolos, eles tornam-se realidade, e novamente repercutem internamente, carregados de sentido. Nessa respiração permanente, percebo mais a expiração do que inspiração.

L.O. – Qual é a graça da intervenção artística na cidade?
J.P. Fazer arte nas ruas é um esporte radical cheio de adrenalina. Também é um exercício de cidadania e de humanização do nosso espaço comum. As ruas são o retrato do que somos coletivamente. Elas mostram nosso estágio como comunidade. É o “consciente coletivo” exposto, é a caverna a luz do dia. O “Homo urbanus” nas suas mega cidades repletas de inscrições. No lugar de bisontes, extraterrestres.

Em paz com a natureza urbana

Uma das experiências mais marcantes de 2009 foi participar junto com Jaime Prades e Afonso (o jardineiro) e muitos outros vizinhos, da transformação de um pequeno terreno baldio em uma pracinha. Prades já tinha demarcado o território com seus grafites e com a instalação Árvore das Perguntas, que teve suporte em um resistente chapéu-de-sol, plantado ali há onze anos.

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Pusemos a mão na massa durante meses, cavando o concreto e a terra, removendo entulho plantando e caprichando nesse espaço comum. Em mim, essa ação teve o efeito de uma reconciliação com a cidade e com o bairro. Quem ama cuida e quem cuida passa a amar. Simples assim. Esses beija-flores nasceram ali, em plena Apinajés, pura natureza urbana.

Para saber mais veja reportagem completa e álbum de fotos no site Planeta Sustentável.

Por: Liliane Oraggio

Novos chocolates

Comentei aqui, num post anterior, que fui convidada para dois eventos que misturavam tecnologia, design e gastronomia. Já contei como foi o lançamento da Eletrolux Infinity, e faltava falar do celular New Chocolate da LG.

Para começar, o evento propunha uma degustação dos melhores chocolates do mundo. Só isso já me deixou na maior expectativa porque sou uma chocólatra inveterada e assumida. Em seguida, havia o fato de ser um jantar comandado pela chef Neka Menna Barreto, que eu admiro de longa data, regado a vinhos harmonizados por Josimar Melo, que como todos sabem é um conhecido crítico enogastronômico. Já está com água na boca? Eu também!

Para chegar até o endereço misterioso do evento, nada de estresse. Os convidados foram transportados por carros Ford Fusion pretos, dirigidos por motoristas impecáveis, trajando ternos escuros. A ruazinha estreita, perto da Chácara do Jockey, não era lá muito inspiradora, mas de repente, paramos num belo galpão, todo iluminado.

O local não poderia ser mais inusitado e charmoso: uma sala de jantar com vista privilegiada para a cozinha industrial de Neka. A chef falou sobre o desafio de fazer um menu inteiro utilizando o chocolate, inclusive nos pratos salgados. E Josimar Melo explicou a dificuldade de combinar os sabores fortes da comida com os vinhos. Olha só!

Deu vontade de provar? Pois a receita do deliciosooo atum grelhado com compota de cebolas, está aqui! Eu garanto que vale a pena experimentar!

Quanto à degustação do celular New Chocolate BL40 da LG, o que mais me encantou foi:

* A tela touchscreen, espaçosa

* O design elegante, cujo formato retangular possibilita uma ótima visualização de sites

*O material resistente a riscos, ideal para quem anda com o mundo dentro da bolsa, como eu!

Mas o aparelho tem mil outras funcionalidades, como você pode ver no filme abaixo!