Apesar da febre de novas cores de esmalte que anda rolando no mercado, nada tinha me surpreendido muito, ultimamente. Afinal, eu costumava pintar as unhas de preto nos idos dos anos 80, época em que o look dark estava em alta e o Madame Satã era a casa noturna mais underground de São Paulo. Lembro-me até de ter comprado um esmalte caseiro, “azul klein”, no brechó Universo em Desfile. A cor era bonita e inédita mas manchava as unhas por semanas e não havia acetona que resolvesse. Esse era o preço a pagar, se você quisesse ser diferente.
Voltando à década atual…Esta semana, recebi um kit com os novos esmaltes da linha Matte Fluors, da Impala. Como o nome diz, são cinco cores flúo (pink, verde, amarelo, laranja e roxo) com acabamento matte (para quem não sabe, matte quer dizer fosco). E confesso que fiquei impressionada com o efeito, pois o brilho sempre foi uma qualidade intrínseca a esse tipo de produto. E quando você aplica o esmalte é meio inesperado, quase mágico, vê-lo ficar opaco depois de seco.
PS- A foto lá no alto, em preto-e-branco, pertence à revista de cultura Oroboro nº2, publicada em 2004. A matéria, escrita por Manoel Ricardo de Lima, analisa o trabalho da artista plástica Elida Tessler e a obra “Manicure”:
“…Vistos de perto, os vidrinhos tomam vida e são pequenos esboços, marcas de um sem-tempo, mas com uma duração que se registra na recolha, no colecionar à toa, no guardar objetos desprovidos de lugar e função neste mundo de um “a serviço de”, sempre a um “a serviço de”. (…) Bergerson disse que os seres e as coisas não são senão duração, e que a duração é aquilo que há de mais íntimo em cada ser, em cada coisa. E talvez possamos, a partir do trabalho da Elida, pensar uma outra pergunta: “como perdemos o tempo?”