Em 2010, descubra o poder transformador e contagiante do riso. Distribua alegria, sorrisos, gargalhadas!
Qual é sua utopia?
Gostaria de pedir desculpas aos leitores por não ter publicado, na semana passada, a coluna Tesouros sem Frescura, de Liliane Oraggio. Hoje, nesta última quinta-feira do ano, ela nos oferece um ótimo post sobre as resoluções de ano novo. Fala, Lili!
Qual é a sua utopia?
Janeiro exige que a gente projete o futuro e isso não tem nada a ver com as intermináveis listas de resoluções de final de ano: fazer musculação três vezes por semana, voltar pras aulas de inglês, guardar um dinheirão, cair no colo do príncipe encantado… Segundo o psicanalista Jorge Forbes, fera lacaniana, autor do livro “Você quer o que você deseja?” (ed. Best Seller) todas essas vontades não resistem nem a primeira quinzena do ano, justamente, por que não estão em sintonia com o que realmente se quer, e sim com os muitos padrões externos, em que tentamos nos encaixar para viver um modelo artificial de realização.
“Essa lista é uma forma de manter a sensação de controle, sem o desconforto de se arriscar. Funciona mais como uma proteção para quem não quer viver o novo”, me disse Forbes em uma entrevista feita há alguns anos, quando eu ainda era editora de comportamento da Revista Marie Claire e tentava fazer de maneira diferente a velha reportagem sobre expectativas de réveillon.
A proposta inovadora de Forbes é trocar a obrigação dos abdominais por um vigoroso exercício de utopia. O psicanalista sugere fazer uma lista com 20 desejos, aparentemente, improváveis, sem censura, registrando tudo o que passar pela cabeça. Por que não colher feijões na Sibéria ou fazer um dueto com Nina Simone? Vale tudo, tudo mesmo, desde que tenha a ver com a sua essência. “Na verdade o que conta aqui não é realizar essas coisas literalmente, mas perceber que esses quereres utópicos dão pistas sobre seus desejos mais verdadeiros e é possível caminhar nessa direção”, explica o analista, “com esse treino de utopia as pequenas invenções do cotidiano dão brilho à vida e podemos perceber que todos nós realizamos muito mais do que reconhecemos ter feito. É mais fácil reclamar do que não conquistei do que realizar um desejo e suportar isso, mas se nem você sustenta a sua vontade quem vai sustentar?”.
Boa pergunta… E fica o alerta: quem não se reinventa perde o bonde e as botas. Portanto, se quiser me mandar a sua lista de utopias, vai ser a glória tê-la entre os meus tesouros. Agora chega de post que estou indo pra essa balada em que já confirmaram presença Don Quixote, Leonardo da Vinci, Salvador Dali, Lao Tsé e muita gente que pensa grande e longe. Hasta la vista, babe…
Por Liliane Oraggio
10 dicas para ser eco fashion em 2010
O consumo desenfreado que se alastrou no mercado de moda, nos últimos anos, já começou a desencadear uma reação contrária. Não dá mais para ignorar o custo ambiental de todo esse consumismo fast fashion. É preciso também tomar consciência do papel que cada um de nós desempenha ao realizar este ato aparentemente banal que é se vestir. Pensando nisso, reuni 10 dicas ser eco fashion em 2010.
1) Mude a combinação
Quem nunca abriu o guarda-roupa e disse: “não tenho roupa para sair“, que atire o primeiro cabide! A solução para este problema não passa necessariamente pela conta bancária. Faça um exercício de criatividade com o que você já tem, experimente novas combinações, sobreponha peças, misture estilos, perca o pudor com as cores. Além de economizar dinheiro, você estará diminuindo a quantidade de lixo descartado.
2) Custo x benefício
Consuma de forma mais inteligente. Invista em peças de qualidade que, mesmo custando mais, irão durar por várias estações. Para renovar o visual, combine seus clássicos com acessórios charmosos: echarpes, colares e brincos vistosos, cintos, sapatos, botas e chapéus.
3) Comércio justo
Preste atenção em quem fabrica o que você veste. Algumas grandes marcas que vendem muito barato escondem uma feia realidade: a exploração de trabalhadores, o uso de mão de obra escrava e até mesmo infantil.
4) Eco-fabrics
O que você veste tem grande impacto no meio ambiente. Tecidos sintéticos, à base de poliéster, demoram 200 de anos para se decompor na natureza. As plantações de algodão, por outro lado, usam pesticidas altamente tóxicos em grande quantidade. A saída é optar por roupas de algodão orgânico, sempre que possível.
5) Segunda chance
Foi-se o tempo em que os brechós eram lugares entulhados e poeirentos. Hoje, existem lojas que vendem roupas de segunda mão em ótimo estado, organizadas e limpas. Frequente-as para adquirir ítens em conta, ou para vender aqueles que não usa mais.
6) Troca-troca
Organize um evento de trocas com os amigos, em que cada um leva um certo número de peças e tem direito a escolher outras. Como a ideia desse troca-troca é se divertir, solicite que os convidados levem comidinhas, enquanto o anfitrião providencia as cervejas geladas.
7) Agulha e linha
Se você tem habilidade em trabalhos manuais, faça um curso de corte e costura, ou aprenda a tricotar. Assim, além de ter o prazer de criar e vestir algo original, você evita o impacto ambiental da etapa de confecção industrial.
8) Couro verde
Procure comprar acessórios feitos de couro vegetal que não utilizam cromo no curtimento. Um parte dessa substância pode oxidar, tornando-se tóxica e poluindo a água usada no processo.
9) Conta gotas
Lave suas roupas com água fria e ecologicamente correto, e seque-as no varal, evitando o uso da secadora. Uma única camiseta, lavada a 60ºC, secada na máquina e passada a ferro, libera 4 quilos de emissões de dióxido de carbono em sua vida útil. Isso equivale a a uma viagem de avião de 27 quilômetros!
10) This is not a plastic bag
Acostume-se a levar uma sacola de pano dentro da bolsa, para evitar o uso de sacos plásticos descartáveis.
Essas dicas fazem parte do concurso cultural 10 para 2010 da Bierboxx, e foram inspiradas pela leitura do livro “Eco Chic” de Matilda Lee (editora Larousse). Espalhe-as por aí e feliz 2010!
Figurinhas da década
Adorei este infográfico do NY Times que resume, com imagens clip arts, os principais acontecimentos da década. Especialmente, o ícone usado para a Lady Gaga!
(via Trendtopia)
TPM, mulheres e padrões estéticos
Há pouco mais de um mês, fui convidada para participar do programa #pronto_falei da SYM, uma série de bate-papos sobre o universo feminino, com mais 11 blogueiras. A cada semana, um novo episódio foi entrando no ar, no site A Maior TPM do Mundo e na MTV. E nesta semana, a conversa é comigo e com a Lalai, sobre a ditadura dos padrões estéticos, moda, música e… Ah, espia lá!
No vídeo, eu falo de uma matéria da revista Glamour, sobre modelos plus size, ou gordinhas, em bom português, e aqui está o link, pra quem quiser conferir. 🙂
Quem mais esteve conversando com quem, no #pronto_falei: Bia Granja, Baunilha e Miriam Bottan (episódio #1), Cris Gabrielli e Fernanda Resende (#2), Lia Camargo, Lú Ferreira, Bia Granja e Míriam Bottan (#3), Marina Santa Helena, Baunilha e Lú Ferreira (#4), Manu Laragnoit, Vicky e Lia Camargo (#5) e, finalmente, Lalai e eu (#6).
um brinde diferente
Recebi um convite da Bierboxx – um site especializado em venda de cervejas importadas, premium e artesanais – para participar de uma promoção bacana, chamada “10 para 2010”.
Para começar, a Bierboxx selecionou 10 cervejas especiais, com preços bem atraentes, que você pode comprar e enviar numa gift box. Uma ótima opção de presente para quem gosta de cerveja de qualidade, como eu (rsrsrs)!
Além disso, dá para participar do concurso cultural respondendo à pergunta: “Quais as 10 melhores coisas para se fazer nos últimos 10 minutos do ano?”. O prêmio é um kit com uma garrafa de cada cerveja: Erdinger, Coopers, La Trappe e Deus são algumas delas. Veja a relação completa lá no site.
E no Blogbier, além de ficar sabendo tudo sobre a promoção, você também confere as 10 dicas dos blogs convidados (inclusive o Moda Sem Frescura), sobre assuntos bem variados, como música, gastronomia, moda e muito mais! Passa lá!
10 looks para 2010
10 looks que vão influenciar 2010
Aproveitando o final de ano, fui rever os desfiles de primavera-verão 2010 do hemisfério norte para identificar tendências e possíveis influências nas apresentações brasileiras que estão por vir.
1. Uma das grifes mais copiadas no planeta fashion, a Balenciaga de Nicolas Ghesquière mostrou looks urbanos e atléticos, com um leve toque tribal visível nos sapatos e na maquiagem. As calças justérrimas, os tops com capuz e patchwork de listras, devem ganhar as ruas em versões mais acessíveis, feitas pelas redes de fast fashion.
2. As mulheres mitológicas de Alexander McQueen, oriundas de uma Atlântida platônica, usam vestidos curtíssimos com estampas digitais ultra sofisticadas. Peles de répteis e motivos marinhos são as padronagens que adornam o corpo da nova raça humana, na visão pós-apocalíptica do estilista.
3. Christophe Decarnin deve repetir o sucesso de suas últimas coleções para a Balmain, desta vez com casacos militares de ombros marcados, camisetas perfuradas a bala, calças skinny e vestidos que remetem a um estilo meio Pedrita, meio gladiador. É fácil visualizar o look rebelde glam, que reúne peças destruídas com outras enfeitadas, se alastrando no mercado de grande difusão como fogo num rastro de pólvora.
4. Mais uma inspiração primitivista, desta vez na passarela da Rodarte. Para compor o figurino de suas mulheres guerreiras, as irmãs Kate e Laura Mulleavy juntaram pedaços de materiais variados, como tecido, couro, renda, plástico e crochê, criando drapeados elaborados, orgânicos. O luxo, aqui, tem aspecto de destruído, empoeirado, envelhecido.
5. Eu achava que nunca mais, nesta encarnação, conseguiria olhar para um lenço palestino sem sentir uma onda de tédio tomando conta do meu ser fashionista. Mas Riccardo Tisci conseguiu recriar a padronagem do lenço keffiyeh de maneira espetacular, na coleção da Givenchy. Distorcida, a padronagem ficou meio psicodélica, e me lembrou os desenhos de M.C. Escher.
6. Até agora, todas as imagens selecionadas, embora diferentes entre si, tinham como denominador comum um tom de rebeldia apocalíptica. Mas os desfiles de primavera-verão do hemisfério norte também foram pródigos em feminilidade. E o da Lanvin é o exemplo máximo disso, com Alber Elbaz mostrando, mais uma vez, grande apuro técnico em peças com babados espiralados, bordados fabulosos e drapeados de gênio. Difícil eleger um look, entre tantos objetos de desejo, mas os macacões, ah…
7. Muita gente acha que Phoebe Philo merece o crédito por ter criado as melhores coleções da Chloé, entre 2001 e 2006, período em que substituiu Stella McCartney na direção criativa da marca. Agora, ela está a caminho de tirar a Celine do segundo time de grifes francesas. Esta sua segunda coleção na maison, de primavera-verão 2010, aposta num minimalismo acessível e impecável, com um toque utilitário e sedutor.
8. Os drapeados e as referências militares, que apareceram em quase todas as coleções desta estação, se uniram para revitalizar os tradicionais trench coats da Burberry. A marca britânica, dirigida por Christopher Bailey desde 2001, mostrou muitas versões de seu icônico casaco, com drapês nos ombros, nas costas, nas saias. Por baixo, os vestidos de tule de seda foram trabalhados com a mesma técnica.
9. Lauren Bacall foi o símbolo escolhido por John Galliano para resumir uma coleção calcada no glamour hollywoodiano. Apesar do trench coat ter dado as caras por aqui também, foi quando o estilista resolveu remexer na gaveta de lingeries que a coisa pegou fogo. Sutiãs, ligas e badydolls se transformaram em vestidos luxuriantes, para femme fatale alguma botar defeito.
10. Escolher este último look, numa estação não muito inspirada, foi uma tarefa dura. Vi e revi os desfile uma dezena de vezes. Para não repetir a Lanvin (ah, aqueles drapeados…) e levando em conta que a volta do tailleur está em pauta, acabei escolhendo um look da Chanel. Não que eu não tenha gostado da coleção do kaiser Karl – que foi jovial e fresca, com transparências, rendas e texturas artesanais enfeitando as peças – mas é que não vi nada de tão inovador ali. Foi bonitinho, e só.
swinging 60’s
Que tal viajar no tempo, direto para os anos 60, e entrar nas boutiques mais descoladas de Londres?
(via Polly Magoo)
Banzos de Natal
Na coluna Tesouros Sem Frescura desta quinta-feira, Liliane Oraggio descasca o abacaxi natalino. Não para incrementar uma receita de tender, mas para recolocar a ansiedade e a depressão, que muita gente sente nesta época do ano, no seu devido lugar. Fala, Lili!
“Olha só a minha boneca!”
Fuçando no bau encontrei essa foto. Era 1970. Eu tinha sete anos e estava passeando num shopping em Miami, onde moravam meus avós. “Vai lá no colo do Papai Noel! Vai, Vai”. Eu não queria, já tinha tido experiências assustadoras com outros Bons Velhinhos em, no mínimo, quatro outras festas de Natal de que tinha lembrança. Ficava apavorada com o tamanho da criatura que surgia do nada, quando a festa estava bem boa. Eu abria o berreiro, sem dó. Agora essa: mesmo tão longe de casa, na delícia das minhas ferias, tinha pela frente aquele ser enorme e rubro pronto para me aconchegar. Argh! Mas, na época ainda não era desobediente. Fui. Se fecho os olhos ainda sinto o cheiro de colônia, a temperatura quase febril do homem que sorria metido no escafandro de lã vermelha, gordo legítimo, escondido pela barba 100% náilon. Para selar nosso estranhamento, ele queria que eu fizesse meus pedidos em inglês! O jeito foi sorrir para a câmera e cair fora da armadilha. Mas, a cena ficou presa na foto que os avós adoraram e mostraram para todos os vizinhos cubanos. “Olha só a minha boneca!” Nesse dezembro de quase doismiledez, a imagem salta da caixa e faço as contas… quase tudo mudou, mas ainda vivo às turras com Noel, resistindo ao seu colo convencional, ao aperto que provoca tudo que é estrangeiro em mim.
Banzos de Natal
Se você ama Natal nem leia este post que foi criado especialmente para aqueles que detestam as festas. Não é à toa que nessa época muita gente é capturada por uma espécie de tristeza grossa que, somada ao estresse, ao trânsito carregado e a vontade de se superar, acende o “abominável homem das neves” que existe em cada um de nós. Além dos shoppings, os consultórios de terapeutas ficam cheios de gente angustiada com o balanço do ano, com o trabalho sem fim, com a sensação de fracasso, de impotência e demais chorumelas. Claro, todas as queixas são legítimas, a questão pode ter raízes profundas e cabeludas na infância, mas dá para evitar tanto desconforto.
Nessa entrevista, a psicóloga Vera Couto fala dos principais antídotos contra os banzos de final de ano! E sem querer ser Poliana: a melhor coisa deste Natal é que é o dia mais longe do Natal do ano que vem. Já pensou nisso?
Liliane Oraggio – Por que essa época mexe tanto com a gente?
Vera Couto – Nesta época do ano há um acúmulo de “avaliações” internas e externas do que foi vivido. As pessoas podem passar por profundos estados de angústia e por uma constante sensação de desajustamento.
L. O. – Quais são os sentimentos que afloram nessa época?
V.C. – Os sentimentos mais comuns são tristeza, melancolia, frustração, que, normalmente, não costumam ser muito aceitos em nossa cultura extrovertida e nessa época do ano a extroversão é esperada, estimulada e quase exigida das pessoas. Isso pode provocar a sensação de “não pertencer” a este mundo. Tenho ouvido as pessoas dizerem que gostariam de estar numa casinha na montanha, em contato com a natureza, e não nos shoppings fazendo compras. Esta necessidade de recolhimento é legítima e não há nada de errado com isso. O contato com o sagrado exige recolhimento.
L.O. – Como lidar com o banzo natalino e escapar de armadilhas que nos arremessam para o ressentimento e a culpa?
V.C. – Uma das formas de não cair na armadilha é não ficar tão preocupada ou culpada por não estar conseguindo “dançar esta música”. É não exigir de si uma “euforia” que não se sente. Acolher seu estado anímico e legitimá-lo é um passo importante. Não há a menor necessidade de fugir ou culpar-se por não estar TÃO animada ou com o espírito tão consumista, por exemplo. Estes estados de recolhimento podem servir para resignificar essas datas sagradas que já tiveram, historicamente, outras funções em nossa vida social, psíquica e espiritual.
L.O. – É possível ter um Feliz Natal?
V.C – Esta máxima contém a armadilha do Feliz. Desde que essa celebração tenha um significado próprio, especial para cada um, podemos sim celebrá-la com um colorido especial, na medida das possibilidades e circunstâncias deste momento de vida. Não estaríamos, assim, verdadeiramente, celebrando algo novo que está nascendo?
Vera Couto é psicóloga e psicoterapeuta, com especialização em psicologia clínica na abordagem junguiana e psicologia educacional. Pesquisadora de mitologia grega e coordenadora de grupos de estudos há 20 anos.
Contato: veracouto@uol.com.br
Por Liliane Oraggio