Se a Casa de Criadores fosse uma escola de samba, esta ala seria a vencedora do quesito Originalidade.
A P’tit é uma marca que eu poderia definir recriando um velho sucesso do Renato Russo: “roupa estranha para gente esquisita”. Isso não é uma crítica negativa, não me entenda mal. É que as modelagens são sempre cheias de “loucurinhas”, recortes estranhos e adereços enigmáticos. Além disso, não parece haver a preocupação de se fazer uma coleção completa, coerente. O que há são peças soltas que orbitam um mesmo universo. Bem, mas se falta coesão, sobra personalidade.
A Ash, conhecida pelas belas estampas grafitadas com apelo streetwear, elegeu como tema desta coleção os animais marinhos ameaçados pela ação do homem. Baleias e águas-vivas aparecem em versões maximizadas e, às vêzes, sob tecidos transparentes.
A grande revelação do Projeto Lab foi a Der Metropol que apresentou uma moda esportiva com vocação street, e ótimas misturas de padronagens, cores e tecidos. “As camisetas com figuras de animais já nascem hit”, como costumam dizer no site da Erika Palomino.
João Pimenta é um dos darlings da Casa de Criadores e seus desfiles costumam ser, o mínimo, antológicos. Nesta edição, o estilista optou por fazer uma apresentação mais contida, com foco na roupa. Confesso que fiquei um pouco desapontada. O estilista fez, sem dúvida, um belo exercício de estilo usando os uniformes de baseball como mote, mas a gama de cores escuras e as malhas encorpadas resultaram invernais demais. O toque de irreverência ficou por conta dos cabelos.
Gustavo Silvestre, estilista de origem pernambucana, fez bonito com as estampas de carroceria de caminhão, tanto em looks de tecidos naturais –feitos para o dia–, quanto em versões glamourosas, com bordados elaborados.
[todas as fotos são de CHARLES NASEH/CHIC]