Vai ter festa no céu e os anjos vão vestir smokings, vestidos e sahariennes chiquérrimos. Faleceu ontem, aos 71 anos, o estilista Yves Saint Laurent.
Em outubro de 2005 tive o prazer de ver em Paris, na Fondation Pierre Berger- YSL, a exposição “Smoking Fever” que reunia os smokings femininos criados ao longo de 40 anos de carreira.
Para dimensionar a importância do tema da exposição, é preciso lembrar que, se hoje o fato de uma mulher ir a uma festa vestindo um smoking não causa espanto algum, até a década de 60 isso era inconcebível. Saint Laurent literalmente inventou o smoking feminino em 1966. Pela primeira vez, as mulheres passaram a usar calças em seus trajes de noite. Isso representou um avanço muito maior do que podemos supor, numa avaliação apressada. Ao se apossar do smoking, o traje masculino por excelência, as mulheres assumiram também seu poder simbólico.
Nas salas da Fondation Pierre Berger-Yves Saint Laurent, as dezenas de smokings, sempre iguais e sempre diferentes, estavam dispostos ao redor de um piano de cauda que executava (sem a presença de um pianista) melodias tão eternas quanto as roupas. Na moda, afinal, nem tudo é passageiro.
Para homenagear Saint Laurent selecionei alguns vídeos:
Cenas de um desfile de 1962
Cenas do documentário “Yves Saint Laurent, Tout Terriblement”
O making of do manifesto da coleção Primavera- Verão 2008, com Kate Moss “voyerísticamente” colada ao vidro da Fondation YSL.