cemitério de elefante

As páginas abaixo foram publicadas na revista Vogue Brasil deste mês.

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Será que eu estou louca? Será que algum dispositivo diabólico me teletransportou no tempo e me fez acordar na década de 50, quando não existia consciência ecológica e matar animais selvagens era considerado très chic!?

Será possível que em pleno século 21 uma revista (mesmo uma revista de moda elitista, como a Vogue) acha que é OK publicar uma matéria de decoração mostrando a casa  de uma socialite, chamada Patrícia Parker, que tem uma pata de elefante que serve como banqueta na sala de estar? Além de uma série de outros bichos mortos e empalhados pela casa?

O texto da matéria, escrito por Juliana Pinheiro Mota, nos informa que até pouco tempo atrás os troféus de caça do marido eram mantidos nos corredores e no escritório do segundo andar da casa. “Em 2003 a história mudou. Patrícia resolveu aproveitar seu bom gosto nato e o interesse por decoração e tudo o mais ligado ao bem receber…Foi quando mergulhou de cabeça no mundo do décor que Patrícia descobriu-se apaixonada pela estética safári que hoje dá charme todo especial ao lar do clã Lovell-Parker.”

Diante de uma explicação tão clara confesso que fico sem palavras! A maioria das pessoas que se identifica com o estilo safári, em geral, se contenta com um tecido estampado de onça. Mas “gente coisa é outra fina”, não é mesmo?

Há ainda, na matéria, uma foto que decidi não publicar aqui, mas descrever: a anfitriã está sentada com as pernas casualmente cruzadas sobre um recamier coberto pela pele de uma zebra. Do seu lado direito, uma de suas filhas está de pé sobre a tal banqueta de pata de elefante. Do lado esquerdo, a outra filha está deitada encima de um armário e na parede atrás dela, vê-se uma pata gigantesca, não sei de que animal.

As três mulheres são bonitas, têm cabelos longos, como jubas vistosas. Na verdade, não me parece haver muita diferença entre elas e os troféus de caça.