Você sabe o que é um meme? Não? Até agora eu também não sabia. É um termo cunhado pelo escritor Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, e denomina uma unidade mínima de informação que se multiplica de cérebro em cérebro. O meme estaria para a memória, assim como o gene para a genética.
Já no mundo nerd da blogosfera, um meme é uma espécie de corrente transmitida de blog em blog, conforme as pessoas respondem a um tema proposto e o repassam adiante.
Toda essa explicação é para contar que Thyer K., que publica o blog Ócio Pop, me pediu para dar participar de um meme sobre 5 livros que foram importantes na minha vida. Quem o convidou foi a da groselha, que por sua vez foi convidada pela Bel Furtado, do blog Síncope.
Como toda lista curta, esta foi gerada com grande sacrifício e dó dos livros queridos que tiveram que ficar de fora. Mas vamos lá, antes que eu mude de idéia quanto aos títulos a serem citados, pela enésima vez!
“Da Morte. Odes Mínimas” de Hilda Hilst. Ela é uma escritora que aprecio imensamente e que não poderia faltar na estante. Gosto de todos os livros dela e foi difícil de escolher entre este e o “Cantares de Perda e Predileção”, por exemplo.
“Sexus”, “Plexus” e “Nexus” de Henry Miller. A trilogia deste escritor desbocado e inconformista abarca toda a gama de grandezas e baixezas da natureza humana. Sua obra marcou uma fase da minha vida, junto com os diários de Anaïs Nin e os livros de Scott e Zelda Fitzgerald. Com eles mergulhei nos anos loucos, sonhei que era Kiki de Montparnasse, que tomava absinto, que…
“A História Secreta” de Donna Tart. Cada vez que folheio o livro de estréia desta autora americana, não consigo mais largar e leio novamente. A história é tão intrigante e os personagens, tão vivos, que quando vou chegando no final já morro de saudade deles. Tempos atrás noticiaram que ia virar filme, mas até agora, nada. Talvez seja melhor assim.
“Reparação” de Ian McEwan. O autor ganhou o Booker Prize em 1998, por conta de “Amsterdam” que é, sem dúvida, uma obra memorável, mas eu tenho uma predileção toda especial por esta história trágica sobre o amor, a delação e a impossibilidade da redenção.
“As Correções” de Jonathan Franzen. Um retrato ácido, cínico e inclemente da nossa época, escrito por um mestre do texto e das imagens.
E para continuar o meme dos 5 livros marcantes, convido os 5 blogueiros abaixo:
Marisa Toma, Objetos de Desejo
Cristiane Lisbôa, do blog homônimo
Ricardo Oliveros, Fora de Moda
Clique no link abaixo se quiser ler trechos de algumas obras citadas.
Alguns trechos das obras citadas:
“Cantares de Perda e Predileção” de Hilda Hilst:
“Toma para teu gozo/este rio de saudade./Nenhum recobrirá teu corpo/com tamanha leveza/e com tal gosto/Ainda que sejam muitos/Os largos rios da Terra./Toma para teu gozo/minha dor e insanidade/De nunca voltar a ver/Meu próprio rosto./E aguarda uma tarde sem tempo/Quando serei apenas retalhada/Um espelho molhado de umas águas.”
“As Correções” de Jonathan Franzen:
“Levou a bolsinha de volta ao quarto, que agora estava totalmente claro, e sussurrou o nome de Melissa. Não obtendo resposta, caiu de joelhos e revistou sua bolsa de viagem de lona. Percorreu com os dedos as taças vazias de seus sutiãs. Apertou as bolas de suas meias. Apalpou vários compartimentos e bolsos da sacola. Esta nova e diferente violação de Melissa era-lhe impressionamente dolorosa. À luz alaranjada de sua vergonha, sentia-se como se estivesse violando os órgãos internos dela. Sentia-se como um cirurgião acariciando atrozmente seus jovens pulmões, profanando seus rins, enfiando o dedo em seu perfeito e tenro pâncreas. A doçura daquelas meinhas, ea imagem de uma promissora, brilhante e romântica aluna de segundo ano fazendo a mala para uma viagem com seu estimado professor –cada associação sentimental alimentava a chama de sua vergonha, cada imagem lembrava-lhe a comédia crua e sem graça do que fizera com ela.”