Quase não consegui assistir, ontem à noite, à concorrida sessão do documentário Lagerfeld Confidential –dirigido por Rodolphe Marconi–, no Iguatemi FilmeFashion. Ainda bem que deu certo, porque o filme é ótimo e rendeu boas risadas.
É preciso dizer que não se trata de um documentário investigativo. Na definição do próprio diretor, o filme é mais um projeto de arte. Não há a preocupação didática em explicar quem é Karl Lagerfeld, sua importância na moda ou sua trajetória de vida. É um filme para os iniciados, para aqueles que querem espiar pelo buraco da fechadura, um pouco do dia-a-dia de um dos estilistas mais poderosos do mundo.
Lagerfeld concedeu acesso total a Marconi e sua equipe. Assim, a câmera nos leva a sessões de fotos com tops models e com a atriz Nicole Kidman, a viagens de jato particular, reuniões de trabalho, e momentos íntimos em suas inúmeras casas.
É surpreendente como o grande kaiser da moda responde a várias questões sobre sua vida de maneira franca, direta, sem papas na língua. Por exemplo, quando o diretor hesita na formulação de uma pergunta sobre homosexualidade, Lagerfeld tira de letra e conta que já era sexualmente ativo aos 13 anos, quando teria sido “atacado” tanto por um homem quanto por uma mulher. Diz que foi logo contar para a mãe e que ela considerou que a culpa era dele, por ficar se mostrando ostensivamente. Quanto à orientação homosexual, diz isso tinha tão pouca importância, na sua família, quanto escolher a cor da roupa.
Entre muitas outras revelações do filme, Lagerfeld diz: “A moda é volúvel, cruel e injusta. Se você quer justiça, vá trabalhar atrás de um balcão ou como funcionário público.”
Ficou com vontade de ver? Talvez haja uma sessão extra do filme, no decorrer da semana. Se isso acontecer, vou contar aqui. Fiquem ligados!